quinta-feira, dezembro 20, 2007

se quiseres voltar, o caminho é maior do que ir em frente

Antes de partir para mais uma aventura no Dakar, Ricardo Leal dos Santos deu uma entrevista ao Mundo Universitário onde a determinada altura diz: “se quiseres voltar, o caminho é maior do que ir em frente”. Uma frase que podia muito bem ser um lema de vida. Às vezes, é preciso arriscar, saltar sem rede, estar à beira do precipício e dar um passo à frente. Como se costuma dizer, às vezes há males que vêm por bem.

A entrevista está aqui

quarta-feira, dezembro 19, 2007

Dá que pensar

Salvo para carreiras militares, nenhum homem de verdadeira energia e ambição entra para o serviço fixo do Estado. Não entra porque não há ali caminho para a energia e muito menos para a ambição.

Escrito por Fernando Pessoa, em 1926, mas a verdade é que continua tão actual como na altura...

segunda-feira, dezembro 17, 2007

são só boas notícias


Sendo assim, deixa-me ir contratar alguém que me alargue a chaminé. Ou será que o fabuloso automóvel vem do novo stand que abriu mesmo em frente à minha porta e que faz com que todos os dias tenha de fazer quatro ou cinco manobras para conseguir tirar o meu chaço da garagem?

Também é sempre bom saber que, para além de ter nascido numa ambulância que trazia um miúdo com uma perna partida e que assistiu a tudo, vim de rabo virado para a lua.

sexta-feira, dezembro 14, 2007

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Tudo o que uma castanha contém*

Era um dia de semana como outro qualquer, mas ela não quis a habitual companhia dos colegas com quem passa a maior parte do dia e foi almoçar sozinha. O centro comercial mais perto foi o destino. Quem sabe, não aproveitava ainda para fazer umas compras de Natal. Entre um almoço trocado e a visita a lojas com roupa a fazer lembrar a feira de uma qualquer aldeola do interior, o desconsolo da solidão, apesar do mau humor, levou-a até ao velhote que no Verão deve vender gelados mas que agora aproveita o frio para vender castanhas. Mas não eram as castanhas, congeladas, com bicho e a saber a bolor, que ela queria. Aquecer o coração era o objectivo. Recordar os tempos em que saía do trabalho, onde aí sim tinha amigos e não colegas, e obrigatoriamente ia comer castanhas (as melhores de Lisboa) ao pé do Apolo 70, ou quando ia para casa da outra amiga que lhe ensinou o que era uma patusca, uma cruzeta e outras quantas palavras que só quem mora ou tem familiares nas Beiras deve identificar, e ficavam a tarde toda em frente a conversar em frente à televisão a comer castanhas. As castanhas não eram realmente boas, mas as recordações não se apagam.
* título roubado a artigo do Diário de Notícias de 21-11-2006

Pormenores

Começar o dia a chamarem-me Sandra, quando eu me chamo Inácia Felisberta, só pode ser sinal de que o dia vai ser bom. Vai, vai…

terça-feira, dezembro 04, 2007

Simpatia a qualquer custo

No Vaticano, o ordenado dos funcionários vai ter em conta algumas condicionantes como dedicação, profissionalismo, produtividade e simpatia. Só a Portugal é que não chega esta medida.

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Burger King vs Viva Fit

A merda deve ser a mesma, mas depois de, durante anos, coleccionar os bonecos do Happy Meal da McDonald’s enjoei os hambúrgueres de lá. Só o cheiro que se sente ao pé de cada McDonald’s me faz passar para o outro lado da rua. Posto isto, agora, quando me apetece hambúrguer, vou ao Burger King. É raro, mas é lá que as batatas me sabem melhor, os hambúrgueres parecem-me similares, mas deve ser porque como sempre o cheese. Hoje foi um desses dias. E estava eu a pensar nas gorduras e calorias que vão fazer o meu colesterol, já de si alto, aumentar ainda mais, quando sou abordada por uma menina que me oferece uma maçã. Serei eu a próxima Bela Adormecida? Não, era uma campanha dos ginásios Viva Fit. Oferecem uma maçã para mostrar que em sítios como o Burger King também é possível fazer uma alimentação correcta… Mas o que eles querem não é que as pessoas, neste caso as senhoras, se encham de fast food para depois irem “malhar” para os seus ginásios?

quarta-feira, novembro 28, 2007

O Natal e as reuniões de família

Ontem estava a ver a Anatomia de Grey e era o Dia de Acção de Graças, em que a “Nazi” e a Meredith falavam do significado do dia e em que a Dr.ª Miranda Bailey dizia que tinham de dar graças porque nesta altura das festas havia muito mais depressões, porque as pessoas se juntavam por obrigação, embebedavam-se, perdiam a noção das coisas e faziam disparates que, muitas vezes, as levavam aos hospitais e, consequentemente, à sala de operações.
Numa perspectiva não médica e mais próxima da minha realidade, partilho deste deprimente estado que normalmente me assola nesta altura natalícia. Sempre me lembro de o Natal ser passado em casa dos meus pais, mas nunca houve a tradição do jantar de bacalhau com couves. A família reunia-se toda ao almoço de dia 25, depois de uma noite sem sabor, sem calor, em que se abriam as prendas umas atrás das outras sempre na esperança que a próxima fosse aquela que mais se assemelhasse ao que alguma vez sonhámos, e nos íamos deitar até ao dia em que o melhor momento era estrear roupa e nos juntávamos com os primos, que traziam mais umas prendinhas de obrigação. Quando comecei a namorar, comecei a ter o tradicional jantar em casa dos actuais padrinhos de casamento, com muita família, mas era a dele, e um monte de rostos que me eram familiares, mas que nada me diziam. No entanto, este foi um ritual de pouca dura, porque, como se costuma dizer: zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades, e acabei por ficar sem o jantar outra vez, até que nos últimos anos o faço sozinha em casa com o meu mais-que-tudo. Sim, é triste. Continua a não ter aquele quente nem aquele sentimento propício à época, mas pelo menos estou na minha casa, janto o que me apetece, não faço sala com ninguém, abro as prendas quando me apetecer e vou-me deitar sem esperar que o Pai Natal chegue. E é egoísta também, reconheço. Tem sido assim nos últimos anos e parece-me que é um hábito que se vai manter. Em alternativa, o Dia de Natal continua a ser aquela estopada, como se fosse mais um domingo em família, em que se bebem uns copos a mais, em que as discussões são inevitáveis e acabam sempre da mesma maneira: cada um para seu lado. É assim que vivo o Natal e é assim que tenho a certeza que não quero que os meus filhos o vivam.

A única prenda que me recordo ter amado foi a minha primeira bicicleta, uma BMX vermelha e amarela que os meus pais me ofereceram nos anos. Estava em plena cozinha do restaurante, tapada com um cortinado e nem a vi. Foi a puta (palavra escolhida a dedo tendo em conta a época de harmonia e fraternidade) da emoção quando a destapei.

terça-feira, novembro 27, 2007

15 professores agredidos em 43 dias

Uma notícia no Expresso da semana passada dá conta que no último ano a violências nas escolas “diminuiu um pouco”, mas “ainda está longe de ficar controlado [o fenómeno]”. No meu tempo – já pareço as velhotas dos anúncios do Continente – era mais '43 alunos agredidos em 15 dias', e estas, garanto eu que as senti na pele, não eram agressões que se comparem com as que os professores sofrem hoje em dia. Não digo que se andem a partir braços e pernas às criancinhas, mas um puxãozinho de orelhas nunca fez mal a ninguém. Para além de que, no meu tempo, mais uma vez, os pais provavelmente também não tinham tanta disponibilidade nem meios ao seu dispor para oferecerem a educação merecida, enquanto hoje, me parece, o caso já mudou de figura. Infelizmente, o dinheiro ainda não compra tudo e, normalmente, é mais fácil atribuir as culpas aos outros do que reconhecer os próprios erros.

Apartes que não têm (necessariamente) a ver – e depois vê-se um professor de música no 'Sabe mais que um miúdo de 10 anos?' que não sabe se paralisar se escreve com 's' ou com 'z'.

Apartes que não têm (necessariamente) a ver II – apesar de nos últimos tempos ter falado muito mais com os meus amigos e de estar a passar por uma fase extremamente feliz, a verdade é que nem isso me leva a escrever. E se em tempos as palavras não me saíam da cabeça e a vontade de escrever e opinar sobre tudo e mais alguma coisa era apenas retraída pela falta de tempo, agora nem na cabeça elas andam. Quer isto dizer que anda uma corrente de ar nunca antes vista nesta mente iluminada, que por um lado só pensa na sua gravidez (para quem não sabia e a quem possa interessar) e, por outro, não deixa de pensar, com algum receio, devo admiti-lo, no futuro.

segunda-feira, novembro 12, 2007

O calado vence sempre

Este é um ditado que, em tempos, ouvi muitas vezes, com uma frequência bem maior que a desejada. Mas, agora, e alguns anos passados de cabeçadas e tombos que, apesar das mazelas, foram essenciais para a pessoa que sou hoje, quase me atrevo a tomá-lo como meu. A propósito disto, mas dando depois um outro sentido, na sua crónica na Única da semana passada, José Alberto Carvalho, pegou numa frase que um amigo tem afixada numa parede e que me parece fazer todo o sentido. “Os patos põem os ovos em silêncio; as galinhas, pelo contrário, gritam muito quando põem ovos. Resultado: toda a gente come ovos de galinha.” Dá que pensar, não?

terça-feira, outubro 30, 2007

Pensamento do dia

“A vida passa-se a todos os níveis e porventura mais nos que não conseguimos nomear. Ninguém vale mais que o outro, tudo conta e tudo depende de cada destino. Cada silêncio tanto como o que se diz. O infinitamente grande só se vê com um microscópio”.
Luís Miguel Cintra, no programa da peça A Gaivota de Tchecov

Peço desculpa pelo "roubo", mas veio mesmo a calhar. Se não fosse para dizer isto, estariam a ler qualquer coisa como um relato de uma novela digna do extinto Incrível.

sexta-feira, outubro 26, 2007

Então não é que sou uma formiga trabalhadora!

Não é fábula, não! Seus objetivos são conquistados com muito suor e aplicação. Você sabe que nada cai do céu e só o trabalho enaltece o homem. Sua cabeça também não pára. O negócio é produzir o tempo todo. Ficar sem fazer nada faz mal pra você. Esta perseverança garante uma vida material bem sucedida. Mas, para que isto aconteça, nunca deixe de trabalhar em equipe e colaborar com os outros. No formigueiro, uma mão lava a outra.

Se quiserem saber que bicho são, é só clicar aqui

quarta-feira, outubro 24, 2007

(não) Notícias que não compreendo

Na Única de 5 de Outubro, uma curta que dá conta que a modelo Eva Herzigova apareceu em Londres ao serviço da Philips para o lançamento de uma nova gama de televisores e que termina com “estará o mundo da moda em crise?”. Pergunto eu, estará o mundo do futebol em crise para o Cristiano Ronaldo ter de fazer publicidade ao BES ou o mundo do golfe para o Tiger Woods fazer publicidade à Gillette?

segunda-feira, outubro 22, 2007

Gato escaldado, o revisor

Se há coisa que me tira do sério são os erros de português. Não sei se já tinha partilhado esta minha mania, mas quando leio (o que infelizmente acontece cada vez menos, mas em breve deve mudar), normalmente, tomo nota dos erros de português, página e linha, e lido o livro lá vai um e-mail para a editora com a referência de que numa próxima edição poderão alterar aqueles erritos, se não for muito incómodo. E se antes esta era uma prática comum, de onde me chegou uma única resposta chapa 5, e que chegou mesmo a fazer com que deixasse a colecção dos clássicos infantis do Diário de Notícias (acho…) ficar a meio, por ter lido duas das obras e virem cheias de erros e não me apetecer estar já a fazer um fundo de poupança para depois os meus filhos poderem ter explicações, agora quando me deparo com algum erro, faço a gentileza de mandar um e-mail a quem de direito a dizer que por lapso se enganaram. E é isto que me leva às duas últimas situações mais caricatas.
A primeira aconteceu no Meios&Publicidade, cujo título de uma notícia dizia ‘RTP inicia procedimentos legais contra José Rodrigo dos Santos’ e decidi comentar a notícia no sentido de dar conta do erro no nome do senhor, a pensar que os comentários seriam vistos por alguém antes de serem aprovados. No entanto, parece que todos e quaisquer comentários são bem-vindos no site, pelo que só depois de estarem visíveis para toda a gente é que são validados internamente. Como se não bastasse aparecer logo um comentário menos próprio ao funcionamento do jornal, viram-no, alteraram o título e deixaram-no ficar…
A segunda, e mais recente, aconteceu com a mensagem do presidente do Festival Sinos 2007, onde se podia ler ‘Festival Internacional de Publicidade em Língua Poruguesa’ e ‘abrem-se, (…), prespectivas de maior eficácia’. Posto isto, lá seguiu o e-mail da praxe (a 12 de Outubro) e não é que hoje vou ver e os senhores corrigiram perspectivas e deixaram poruguesa? Ainda bem que isto é um Festival de Comunicação, porque se fosse de Culinária nem sei…

sexta-feira, outubro 19, 2007

Bruno Nogueira e Maria Rueff n'Os Incorrigíveis


À falta de melhor, faz-se um título jornaleiro...

quinta-feira, outubro 11, 2007

Eixo Norte-Sul concluído, 20 anos depois

E não é que aqueles 4km são mesmo milagrosos? Cheguei a casa ainda antes de ter entrado no carro...

Fora de brincadeira, foi bem mais rápido sim sr.!

terça-feira, outubro 09, 2007

Simple Things*

Quando, ao fim do dia, comíamos as melhores castanhas de Lisboa, compradas na rua do Apolo 70, enquanto íamos para a paragem ao pé do ainda não renovado Campo Pequeno. Daí até casa, a tua bem mais perto que a minha, mas comigo a demorar quase sempre menos tempo, era uma maratona de páginas para se chegar ao fim de mais um livro.
Quando, a meio da manhã, nos lembrávamos de ir almoçar à praia e meter o dedão na água fria de Carcavelos.
Quando combinávamos estudar e passávamos o dia a comer caracóis, às compras e a ver filmes de 5.ª categoria.
Quando nem tiramos o pijama e andamos a preguiçar entre a cama e o sofá todo o dia.
Quando saímos de casa sem rumo certo, damos umas voltas e decidimos que, afinal, é melhor regressar a casa e continuar a preguiçar.
Quando ficamos, lado a lado, apenas embrenhados nos nossos pensamentos.

* título roubado ao nome do primeiro álbum dos Zero 7

sábado, outubro 06, 2007

A idade da maturidade

Acabei de entrar nos 30 e achei que a data era merecedora de registo. Depois de uma semana de introspecção, em que inevitavelmente passei a limpo o que fiz nos últimos tempos, ia a caminho de uma espécie de jantar de aniversário bastante reduzido e, pela primeira vez, apeteceu-me fazer um discurso de agradecimento aos amigos, pelas vezes que não apareci, pelas que não liguei, pelas em que apesar de estar em casa não abri a porta ou atendi o telefone. Numa vida feita de encontros e desencontros, sei que nem tudo é como queríamos, ou então, como diz o meu amigo brasileiro, estamos mal habituados, ou então, e essa é a análise que me parece mais justa: às vezes, também não nos esforçamos. Egoísmo? Não sei, mas sei que há alturas em que sou assim e só me apetece estar sozinha. Outras apetece-me estar rodeada de pessoas e elas não podem, ou estão na sua fase egoísta. Seja como for, e se a esperança média de vida for generosa comigo, ainda tenho mais cerca de 48 anos pela frente para os compensar.
E, para aqueles que não gostam de ver os anos passar, há sempre uma de duas atitudes: lamentar-se ou ver o copo meio cheio. Daqui para a frente só podemos melhorar! Ou, como dizia outro meu amigo: diz ao teu marido que ele hoje vai para a cama com uma trintona e vê o resultado!


segunda-feira, outubro 01, 2007

Fui aqui

Chichen Itzá, uma das 7 Maravilhas do Mundo, México

Praia de Tulum, a última cidade Maia a ser construída

Tulum, cidade por onde os espanhóis entraram para colonizar o México

mas já voltei!

terça-feira, setembro 25, 2007

terça-feira, setembro 11, 2007

Mas que admiração

Global Notícias esgota no primeiro dia de distribuição
Se pensarmos que a maior parte das pessoas aceita de bom grado um jornal à borla – já nem falo nos folhetos do Clix, dos cartões do mestre Chibanga ou dos panfletos da nova urbanização de Telheiras, porque destes o pessoal já está um pouco saturado – evitando assim ter de gastar menos de 1€ para comprar um, e que em Agosto a maior parte destes gratuitos deixou de ser distribuído, é de admirar que no início de Setembro, com o regresso de toda a gente ao trabalho, sedentos de informação, os stocks dos postos de distribuição do novo gratuito tivessem de ser reforçados. Mas há uma série de perguntas que se podem colocar, como por exemplo: onde é que estavam colocados estes postos de distribuição? Quantos exemplares estavam em cada um? A que horas começaram a ser distribuídos? Mas estas são apenas algumas questões para as quais nem são necessárias respostas, porque está de ver que foi por aquele laranjinha que as pessoas viram logo que era o Global Notícias e desataram a correr para o ardina como se não houvesse amanhã.

É um café de azeitona para a mesa do canto, sff

Como viciada em café que sou – Olá, em sou a Maria Francisca e tenho um problema com café -, e consumidora de azeitonas quando elas vêm na travessa, não consigo perceber o interesse de ter uma azeitona a saber a café. Que me desculpem os génios que se lembraram de tal façanha, mas sinceramente: para quê?

Notícia aqui

segunda-feira, setembro 10, 2007

preguiçar*

O Portugal Diário publicou hoje uma notícia cujo título é ‘Dez maneiras de passar o tempo na net’, a que se segue a brilhante frase: ‘A preguiçar no horário de trabalho? Saiba o que pode fazer para se divertir’, como se houvesse alguém, seja em que área for, que não consiga arranjar como se entreter em vez de estar a trabalhar. Pensava que a silly season já tinha acabado…

Notícia aqui

Escrever num blogue aparece em 6.º lugar

* ou a arte de não se fazer nada quando se devia estar a trabalhar. Como eu...

quinta-feira, setembro 06, 2007

Sempre tinhas razão

Foi com este pensamento que acordei, mas se há dias em que não me importava nada de não ter razão este é um deles. O Pavarotti morreu… e eu sabia, quando anunciaram o concerto em Lisboa, primeiro em Abril e depois em Setembro, que seria dos últimos espectáculos que o maior tenor do mundo daria e uma oportunidade única para o ver. E agora, acordo com a notícia da sua morte… que não tenha sofrido muito, pelo menos.

estudos...

Tem um emprego com longas jornadas de trabalho? Tem que trabalhar sobre pressão do tempo, com prazos não negociáveis? Tem demasiado esforço para fazer tudo bem? Não controla a sua rotina profissional? Tem menos de 32 anos e está a começar a carreira? Se respondeu sim à maioria das perguntas, é provável que tenha um emprego com demasiado stresse e, em consequência, o dobro do risco de sofrer de depressão e ansiedade.
A conclusão é de um estudo realizado por cientistas da Cambridge University Press, que a Única resolveu noticiar. Sim, respondi afirmativamente a quase todas as questões, mas há alternativa? Sem esforço consegue-se alguma coisa? Se souberem onde digam que eu mando já o currículo. Só não prometo a mesma dedicação e emprenho, não vá a entidade empregadora ter seguro de trabalho e ainda ver o seu prémio agravado por ter um trabalhador tão esforçado.

segunda-feira, setembro 03, 2007

Bem-vinda a Lisboa. Esta é a tua viagem*

Há uns anos, Alfama fazia parte da minha rotina diária. Felizmente por pouco tempo. Apesar de ter crescido numa localidade onde toda a gente me conhecia e de haver a típica rivalidade entre “nós” e a localidade vizinha - as raparigas daqui nem podiam namorar com os de lá, senão havia logo zaragata -, e talvez por isto, apesar da proximidade, não ter nada a ver com Lisboa, nunca entendi bem o espírito de bairrismo. Também talvez por isso, e por os locais se gostarem de meter com a miúda que vinha de fora e que trabalhava na galeria de arte, e até de atiçar os cães que durante o dia treinavam para à noite entrarem em lutas ilegais, nunca me senti parte daquele sítio. Cada dia que passava era um suplício, tornado mais tolerável pela caminhada. Primeiro a baixa lisboeta – sempre gostei de percorrer a Rua Augusta. Mais que as lojas, as pessoas, mesmo as que fazem inoportunos inquéritos, que por ali passam tornam a rua única e admirável – depois o eléctrico, qual turista no próprio país, e depois a subida pela calçada, qual Luísa, passando por alguns dos locais mais emblemáticos da cidade, até chegar ao destino.
E ali mesmo ao lado, quando tudo o resto não fazia sentido, mas com a teimosia a falar mais alto, uma história de altruísmo levada ao extremo. Uma vida a dois marcada pela promessa feita muitos anos antes: “antes morrer que dar-te trabalho”. Uma história que não esquecerei e que foi agora reavivada pela crónica de Inês Pedrosa, na Única desta semana, intitulada simplesmente Eduardo.
Consola-me saber que não sofreste. Que apenas adormeceste, ao lado da mulher que amavas, depois de mais um dia feliz. Sem incomodar ninguém – como era o teu timbre. Se me pedissem uma definição humana para a suavidade, eu dizia o teu nome. Eduardo Prado Coelho.
São estas as palavras que me transportam novamente para Alfama e para aquele casal, como eu um dia gostava de ser, que apesar dos 80 anos de idade, comemorados há tão pouco tempo, mantinham aquele brilho nos olhos que temos quando falamos dos que amamos, a admiração de cada dia juntos, de mais uma descoberta, mais uma surpresa, mais um carinho, …, e penso na “estranha” morte de Prado Coelho. Depois da doença, tão noticiada e acompanhada, uma morte não esperada, nem tão pouco explicada (tanto quanto sei) e as palavras “Consola-me saber que não sofreste. Que apenas adormeceste…” a ecoar-me na cabeça e a lembrar-me do dia em que cheguei e o Nuno me disse: ela morreu. A gripe que a acompanhara nos dias antes do aniversário dele fora alimentada pelo desejo de que tudo corresse bem, afinal era uma dupla comemoração: o seu aniversário e a inauguração da exposição. Com o peso da idade, as gripes não perdoam e são mais difíceis de curar, mas mais que os espirros, a febre ou o mal-estar, a promessa de que não dariam trabalho um ao outro e que teriam uma última noite de paz e tranquilidade, juntos. Haverá prova de amor maior?

* frase dita por Saramago a Pilar del Rio, sua actual mulher, na primeira vez que ela veio a Portugal.

quarta-feira, agosto 29, 2007

Absurdos

Na revista Sábado da semana passada vem uma curta com algumas leis absurdas que, eventualmente, numa certa época faziam sentido, mas que entretanto, qual justiça portuguesa a funcionar, não foram revistas, mantendo-se em vigor até hoje.
Entre elas o facto de no Kentucky ser proibido esconder uma arma com 1,80m de comprimento - e esconder onde? Debaixo da gabardina? Do assento do carro para estar sempre à mão? -; outra, já no Reino Unido que diz que é legal matar um escocês se ele tiver arco e flecha – mas será todo o ano ou só no Carnaval? -; outra que diz que em São Salvador os condutores bêbados podem ser fuzilados – não dá para fazer a coisa por menos? -; e, por fim, a minha preferida que diz que na Indonésia a masturbação é punida com decapitação – e decapita-se qual membro? E o acto em si, é só se for na rua ou em casa, no conforto do lar, também se aplica? E se for outra pessoa a fazer o servicinho, quem é que é decapitado?

segunda-feira, agosto 27, 2007

Falemos de Miosótis

Ontem, Prado Coelho. Hoje, Alberto de Lacerda. Quase parece o dia em que morreram Antonioni e Bergman, ou aquelas alturas, sobretudo no fim do Inverno início da Primavera, em que parece que os avós começam a morrer em debandada. Não gosto de poesia. É a frase que costumo utilizar para me referir ao género, mas a verdade é que não conheço e também não faço por isso. Mas também é verdade que, cada vez mais, me esforço por conhecer, porque acho que só assim posso dar uma opinião real, com conhecimento de causa.
E hoje, a propósito da morte do poeta Alberto de Lacerda, o jornal Público publicou alguns dos seus versos, dos quais destaco este que adorei. O título é Falemos de Miosótis e diz assim:
Visto que Você não quer que as coisas continuem
Assim
Nesse caso
Falemos de miosótis
Flor sobre a qual não sabemos
Nada

Vou acrescentar este senhor à lista dos autores a comprar.

sábado, agosto 25, 2007

Zinédine Zidane, O Santo

Foi escolhido três vezes como melhor jogador do mundo pela FIFA e uma vez como melhor jogador da Europa, entre outras distinções. Não sendo uma fervorosa adepta de futebol, parece-me que estas distinções e prémios não valerão apenas pelo que se faz dentro das quatro linhas, que outros valores como carácter, personalidade, companheirismo, fair play, ..., também serão tidos em conta. Por isso, não escondo o pasmo que a cabeçada que Zidane deu em Materazzi, na final do Mundial de Futebol na Alemanha no ano passado, me provocou. Já o acto em si, atitude que considero muito pouco digna por parte de alguém que é tido como um exemplo em todo o mundo, deixa muito a desejar em relação ao senhor e aos seus valores, mas agora que Materazzi revelou as palavras que fizeram com que levasse aquela cabeçada monumental já nem sei o que diga. Quando Zidane, que ainda por cima estava a disputar o último jogo da sua carreira, ofereceu a camisola a Materazzi, este respondeu-lhe “prefiro a puta da tua irmã”, ao que Zidane, conhecido ainda por promover a tolerância racial e religiosa, especialmente entre os jovens, respondeu à cabeçada. Escusado será ainda dizer que ao longo dos seus mais de 20 anos de carreira como futebolista profissional, Zidane nunca terá insultado adversários, nem árbitros. Aliás, até é difícil compreender como alguém tão virtuoso sabe o que significa a palavra puta. Mas isto sou eu que não percebo a essência do futebol e que acredito que as coisas se podem resolver a conversar. Vivo mesmo numa utopia.

segunda-feira, agosto 20, 2007

Velharias

A escada é velha, não tão velha quanto a que nos levou a outras das mais antigas associações de Lisboa. O edifício é igualmente velho, mas também não tão velho quanto as gentes que por ali passaram e que têm tantas histórias para contar. Em frente, o Animatógrafo, com a sua emblemática fachada a transmitir mensagens subliminares: entra, entra… as cortinas de vermelho sangue a esconder o que se quer íntimo, ou vivido numa noite de rambóia com os amigos.
Ao cimo da escada um velho salão a fazer-me viajar até um baile dos anos 60, onde ainda se dançava agarrado, mas àquela distância necessária para manter os limites do pudor da altura. Da mesma altura em que as escapadelas chegadas aos ouvidos das matriarcas faziam com o que o branco dos vestidos de noiva fosse substituído por um incriminatório cinzento. E mesmo ali ao lado, como se não fizesse parte deste filme, a cadeira do barbeiro, tapada por umas cortinas brancas. O pincel gasto do uso, a cabeceira roçada, o espelho a acusar a idade e ao fundo o pedido: barba e cabelo, se faz favor. Seguindo em frente, dois ou três degraus levam-nos a outro patamar, mas a mesa de snooker está coberta e os quadros empoeirados. Afinal, quem por ali ainda passa vai jogar às cartas ou ao dominó, ou partilhar com os amigos histórias que já foram contadas um cento de vezes, mas que ajudam a passar o tempo e a recordar aquilo que fez de nós o que somos hoje. Da mesa à varanda são meia dúzia de passos e daí até o olhar se prender na paisagem única, de fazer esquecer que estamos no meio da capital, é só mesmo um despertar de atenção, chamado por aquele olho que vê tudo pelo canto. Das fotografias que mais gostava, e invejo, ter tirado foi naquela fria varanda de pedra. Apreciar a Praça pelos olhos de quem conhece a cidade como a palma das suas mãos, como tantas vezes diz orgulhosamente, e tantas pessoas ali mesmo ao lado sem terem ideia do que estava em jogo.
E eu que nunca tinha passado aquele arco, que faz esquina com a ourivesaria onde em tempos o único James Bond que se casou, comprou o anel de noivado; nem sabia que o Animatógrafo estava mesmo ali à distância da timidez de um passo, agarrado pelo braço de quem não aconselha; e um pouco mais abaixo, já na Rua de São Julião, a igreja de Maria Madalena que, reza a lenda, foi palco de um milagre de amor, e mal se dá por ela quando passamos apressados entre as compras, o almoço ou a ida para casa. E tanto por descobrir nesta cidade tão linda, cujas “lendas” e espaços emblemáticos teimam em ser esquecidos e deixados ao abandono, como é agora o caso do Grémio Lisbonense que por desavenças entre senhorios e inquilinos tem uma ordem de despejo. É pena.


Notícia aqui

À falta de fotografia do Grémio, a da Igreja de Maria Madalena

sexta-feira, agosto 17, 2007

O peso das palavras

A sensação não é inédita, mas a estranheza que me provoca continua a deixar marcas. E marcas daquelas que ficam gravadas na pedra, e não na areia. O reviver um passado tão presente, mas ao mesmo tempo esquecido nos arquivos já cheios de pó e de outras recordações que se sobrepõem. A noção de que as palavras às vezes podem mesmo magoar, quando a sua função primária era tão simplesmente evitar que os momentos dignos de registo, se é que não o são todos, cada um à sua maneira, fossem esquecidos. E perceber que às vezes ficam gravadas, qual ferro em brasa para marcar o gado que é nosso, naqueles que nos tocam e que para nós, estando ali naquele suposto lugar seguro, são assuntos resolvidos.

Sentir de novo
Aquela dor
A pouco a pouco respirar
Aquele amor que foi
Vivido e esquecido
Em segredo
Como ninguém

Perdoar
Como perdoar
Há tanto tempo que eu queria mudar
Queria voltar
Acordar
Deixar o dia passar devagar
Assim ficar

Sentir de novo
Aquele amor
A pouco a pouco consolar
Aquela dor que foi sentida e sofrida
Em silêncio

Chegar de novo
Sentir o amor
Voltar a casa sem pensar
Deixar a luz entrar
Esquecer aquela mágoa
Sem ter medo
Como ninguém

Encontrar
Poder encontrar
Todas as coisas que eu não soube dar
Saber amar
Perdoar
Saber perdoar
Há tanto tempo que eu queria mudar
Queria voltar
Aceitar
Deixar que o tempo te faça voltar
Saber esperar
"A Casa", Rodrigo Leão

terça-feira, agosto 14, 2007

Depois da vergonha, a inteligência

Realmente, depois de contar aqui um episódio menos brilhante da minha vida, eis que faço um teste que vinha na revista Sábado da passada semana e vejo que o meu tipo de inteligência predominante é a interpessoal (80%), seguida da intrapessoal e da verbal-linguística, ambas com 75%. Pois bem, quem se destaca nestas áreas? Belmiro de Azevedo, JK Rowling e Marcelo Rebelo de Sousa, respectivamente. E é por estas e por outras que cada vez mais me convenço que sou um talento por descobrir.

segunda-feira, agosto 13, 2007

Vergonha é roubar e não conseguir fugir

O Diário de Notícias de hoje tem uma notícia cujo título é: 'Vergonha de pedir para sair resultou em golo e troféu', a propósito do golo de Izmailov no sábado passado, frente ao Porto, para a Supertaça.
Eu, das vezes que me lembro de ter tido vergonha, e que me serviu para alguma coisa, foi na primária. A professora era a D. Aurélia, conhecida pelas reguadas que nos dava, e eu, depois de ter sido apanhada na conversa com outra, a pensar já no que me ia acontecer a seguir, deixei-me estar quietinha, aflita para ir à casa de banho, sem pedir. Conclusão: xixi no lugar e direito a ir directamente para casa, sem passar na casa de partida. Pelo menos safei-me das aulas nesse dia ;)

Notícia aqui.

sexta-feira, agosto 10, 2007

Different places

O senhor até é alemão, mas é sobretudo por estes ritmos e esta alegria de viver que: vou para a Jamaica!

quarta-feira, agosto 08, 2007

Home sweet home

Há uns anos, e num espaço de tempo muito próximo, soube que a minha mãe tinha cancro da mama, que o meu namorado (agora marido) estava em risco de ficar paraplégico e que o meu pai tinha de ser operado ao coração o mais rápido possível, correndo o risco de morrer a qualquer momento. E dou por mim a pensar que de um momento para o outro tudo se pode desmoronar e ficar sem aqueles que dão significado à minha vida. Consciente ou inconscientemente, e independentemente de não dever ser assim, a verdade é que as pegas com a minha mãe, os amuos de namorados, as turras com o pai, passaram a ser bem menos constantes e só de pensar que amanhã posso não os ter me faz repensar cada palavra mais exaltada que nas mais diversas ocasiões me apetece disparar boca fora.
E agora vejo que a mãe daquela jovem austríaca que foi raptada por um vizinho e esteve fechada na cave do senhor durante mais de oito anos, lançou um livro em homenagem à filha. Atitude bonita sim senhor. Não fosse a senhora, cujo livro se chama Anos Desesperados: A minha vida sem Natascha, ter dito em conferência de imprensa que mantém "um bom contacto" com a filha, embora de forma menos regular do que no início, já que a Natascha tem o seu próprio apartamento. Hã? "Não quero incomodá-la", ainda se justificou a mãe que ficou muito abalada porque no dia em que a filha desapareceu se tinham zangado de manhã e nem tinham dado um beijo de despedida. Ou sou eu que tenho uma visão muito deturpada do peso e valor que tem a família ou não sei, mas acho que não é assim que se recupera de oito anos de sofrimento.

A notícia aqui.

Feeling not good

Nos últimos tempos, este meu cantinho mais parece uma jukebox, mas a verdade é que, tal como diz a música dos Mesa 'enquanto a música não me acalmar, não vou descer, não vou enfrentar...' - e continua a ser inevitável falar de música - isto é o que se pode arranjar. Portantosssss, fica o vídeo do momento.

sexta-feira, agosto 03, 2007

Dependência

Mais uma ironia fabulosa

Tentei deixar de beber tanto café, mas não consegui.
Por isso, acho que vou ficar pelo meio-termo.

Mais aqui!

quarta-feira, agosto 01, 2007

Quando não há palavras, resta-me a música...

Se eu voar, sem saber onde vou...
Se eu andar, sem conhecer quem sou...
se eu falar, e a voz soar com a manhã
Eu sei... ei ei ei

Se eu beber dessa luz que apaga a noite em mim,
E se um dia eu disser que já não quero estar aqui
Só Deus sabe o que virá,
Só Deus sabe o que será,
Não há outro que conhece tudo o que acontece em mim!

Se a tristeza é mais profunda que a dor..
Se este dia já não tem sabor...
E no pensar que tudo isto já pensei...
Eu sei... ei ei ei

Se eu beber dessa luz que apaga a noite em mim,
E se um dia eu disser que já não quero estar aqui,
na incerteza de saber o que fazer, o que querer,
Mesmo sem nunca pensar, que um dia vais pensar...
Não há outro que conhece tudo o que acontece em mim...!
"Eu Sei", Sara Tavares

A história de Juan Mann

Reza a história que Juan Mann era um homem estranho, que ficava parado no Pitt Street Mall, em Sidney, na Austrália, a oferecer abraços às pessoas que passavam por ele na rua. Certo dia, ofereceu um abraço a Shimon Moore, o líder da banda Sick Puppies e, desde então, tornaram-se bons amigos.
Passados uns tempos Moore decidiu gravar o Mann em plena campanha por "Free Hugs". Mas, à medida que o Free Hugs atingia proporções maiores, tentaram acabar com a campanha na cidade. Então, Mann e os seus amigos fizeram uma petição com mais de 10.000 nomes apoiando a campanha do abraço de graça.
Quando Mann morreu, Moore mixou um vídeo que tinha feito do Free Hugs com a música “All the Same”, da sua banda. O filme… vejam, ou revejam.

Às vezes um abraço é mesmo o que precisamos e não custa nada. É só um gesto!

quarta-feira, julho 25, 2007

É absurda

a quantidade de vezes que no mesmo dia, para não dizer na mesma hora, me apetece virar para o lado e gritar: tu és mesmo incompetente, não és?

terça-feira, julho 24, 2007

Solidariedade: a quanto obrigas


Anima-te e sê solidário. Ainda serás compensado pelos incómodos. Outro belo anúncio, sem dúvida.

quinta-feira, julho 19, 2007

Dez coisas

No fim do ano passado tive o prazer de conhecer o Tochas, personagem que só conhecia dos anúncios da Frize. Desde aí, e por sugestão sua, inscrevi-me e recebo a sua newsletter, que acaba invariavelmente com um pensamento do dia.
Na de Maio, ele resolveu acabá-la com uma lista de dez coisas que gosta, entre elas dias cinzentos e filmes parvos. Finda a lista, fica o desafio: ‘E tu? Hummm??’, seguido de três passos:
1º: Pensa em dez coisas que gostes.
2º: Faz uma lista com essas dez coisas.
3º: Olha para a lista e pensa quando as curtiste pela última vez.

Não consigo fazer a lista (já estou aqui há algum tempo e não me ocorre nada que seja pertinente a ponto de partilhar, a não ser o facto de adorar a praia no Inverno). O que não deixa de ser triste. Como é que não consigo pensar em apenas dez coisas que goste de fazer? Para já não falar no que vem a seguir, que é: se não te lembrares da última vez que fizeste alguma dessas coisas, está na altura de repensar a tua vidinha. Diz o Tochas: curte a vida! Faz (pelo menos) uma coisa que gostes por dia!
E mesmo não conseguindo fazer a lista consigo olhar para trás e ver que hoje almocei com uma das minhas melhores amigas; ontem perdi a noção do tempo e estive com A amiga a ter uma das mais importantes, senão A mais importante, conversas da nossa vida; anteontem andei às compras com o meu mais-que-tudo; e agora estou a escrever, o que adoro. Afinal, sou feliz!

Anúncios que não percebo

Não me metendo nojo, no verdadeiro sentido da palavra, faz-me confusão este tipo de anúncios. Supostamente são as mulheres quem mais aprecia a ida a centros comerciais, portanto, para quem é este anúncio? Pró marido? Como que a dizer leva-me ao centro comercial, paga as minhas comprinhas e depois besunto-me com chocolate para te chafurdares? Há anúncios sensuais, que conseguem despertar-nos realmente para o lado doce da vida, mas este acho que está muito mal conseguido. Não me conseguindo explicar de outra forma, acho este anúncio muito brejeiro.


quarta-feira, julho 18, 2007

Hoje estou assim

Todd Goodman

Joana dos cabelos verdes

Resolvi, aliás obriguei-me, impus a mim própria, que tinha de retomar as leituras assíduas. Com tantos livros por ler não me posso cingir às leituras nos corredores de hospitais à espera de mais uma consulta. Com as cartas de amor do Lobo Antunes a serem lidas há mais de um ano e A Fórmula de Deus, do Rodrigues dos Santos, há bem menos, resolvi que estava na altura do Peixoto e do livro de contos que a revista Sábado publicou. Inéditos, diziam eles, mas no fim do livro venho a saber que os mesmos já haviam sido editados no Jornal de Letras. Agora, foram apenas revistos. Valha-nos então a revisão que não deixou escapar um único erro.

“Gosto de dizer que sim. Dizer que sim é querer resolver problemas, é seguir em frente, é lançar-se sem medo, rejeitar as amarras de auto-preservação. Sim, gosto de fazer planos e projectos, gosto de imaginá-los concretizados. Não gosto de dizer que não. As pessoas que dizem não desagradam-me desde os meus primeiros instintos.”

Este é um excerto do conto da Joana dos cabelos verdes, mas podia muito bem ser uma conversa entre mim e a Joana dos cabelos brancos. Sempre fui assim e ela sempre tentou mostrar-me que há alturas em que temos, obrigatoriamente ou tão simplesmente por uma questão de sanidade mental, de dizer não.

A Joana dos cabelos verdes é também aquela amiga/conhecida que em determinado momento fez parte da nossa vida mas que com o passar do tempo desapareceu. Até ao dia em que a encontramos no metro, à hora de almoço no centro comercial, no café onde raramente tomamos o pequeno-almoço, naquele evento em que estamos a trabalhar e não nos apetece fazer conversa de circunstância. Até ao dia em que tomamos consciência de que não seria o tempo de trocarmos umas breves palavras que faria diferença e nos arrependemos de ter deixado passar o momento.

terça-feira, julho 17, 2007

Mau feitio

A minha falta de paciência para pessoas que não me conhecem e “sacam” o meu email de outros é conhecida. Aliás, acho que já falei aqui nisso. Seja como for, acho uma falta de chá, colegas (como odeio ser tratada assim), usarem e abusarem dos meios da empresa onde trabalham para fins pessoais. Neste caso, a atitude do colega (blargh) até é de louvar. Desapareceu o pai de uma amiga sua. Ao primeiro e-mail, eu que sou reticente até à última casa nestas situações e não reencaminho nada, até pensei (pouco, verdade seja dita) fazer o obséquio. Mas eis que o senhor deve ter pensado que o email devia funcionar como aqueles em cadeia, em que se não devolveres não gostas de mim (que medo), e vai daí que já vai no 3.º envio. Portanto, a parca paciência já ultrapassou os limites e o senhor já teve direito a email de resposta que ficou pelo caminho. Falta-me a coragem, que é como quem diz: não sei quem é o senhor e vá que seja quem me paga o ordenado ou alguém com ligações directas ao patrão? Mas que me irrita, irrita!

Corinne Bailey Rae às bolinhas brancas

No Rock in Rio-Lisboa 2004, Souad Massi foi a revelação. Em 2006 foi esta senhora, cuja simplicidade e alegria me contagiaram, até hoje e por muito mais tempo.
Agora descobri este vídeo animado de “I Don’t”, onde canta com Amp Fiddler. Parece que foi inspirado no bar alienígena onde Luke Skywalker conhece Han Solo e Chewbacca, no Star Wars. Parece porque se há saga a que nunca prestei grande atenção foi esta, entre outras.


Mulheres

A propósito da nossa conversa desta manhã...

"Dizem que as mulheres são mais brutas. Não sei se é verdade. Para mim, as mulheres podem ser mais brutas mas, pelo menos, não são homens."
in conto Legalize Airlines, de José Luís Peixoto

terça-feira, julho 10, 2007

Corpinhos em saldo

E pensar que já me tinha ocorrido dar o corpinho para investigação...
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ou para fazer casacos para o Inverno.

Ontem, hoje e amanhã

Não faças aos outros aquilo que não gostas que te façam a ti

segunda-feira, julho 09, 2007

I know not what tomorrow will bring...

A Única convidou 7 ilustres nacionais para escolherem, de mútuo acordo, as 7 maravilhas nacionais. E foi ao ler o artigo, depois de ver que a obra incompleta de Fernando Pessoa foi uma das escolhas, que me apercebo que ainda não li nada de Fernando Pessoa. Decididamente, ainda tenho um longo caminho a percorrer.

As 7 Maravilhas

Não há palavras para a desilusão que foi ver o belo do Joaquin Cortés, sentadinho a batucar, em vez de dar uso às perninhas que Deus lhe deu. Eu, que andava a pensar seriamente em assistir ao seu próximo espectáculo, apesar de me terem já alertado para a eventual desilusão, por o senhor não dançar assim tanto quanto se esperaria, na gala das 7 Maravilhas de Portugal e do Mundo tive a confirmação de que, provavelmente, é arriscado ir ver um espectáculo seu. Não sei o que lhe aconteceu. Disseram-me, quem esteve nos ensaios, que o senhor até dançou, mas ficou muito aquém da pululante Jennifer Lopez.
Sem ser esta piquena desilusão, não fora ter ido com convite e atrever-me-ia a dizer que todo aquele festival foi um fiasco. Eu, pelo menos, estava à espera de mais. Para quem dizia que o espectáculo ia ser semelhante à abertura dos Jogos Olímpicos, pareceu-me ‘poucochinho’… Ainda assim, aqui ficam os meus 7 momentos preferidos da noite:

  1. Ouvir o hino nacional cantado por tanta gente e sentir-me parte daquele todo
  2. A bola gigante com bailarinos lá dentro
  3. A actuação da Jennifer Lopez
  4. A actuação de Alessandro Safina
  5. A reacção do senhor que recebeu o prémio de Chichén Itzá
  6. A queda de um senhor que ia entregar um prémio (é que só se fala das senhoras e dos seus saltos)
  7. Ver a Marisa Cruz a tentar tirar o microfone à senhora que recebeu os prémios de Lisboa

Bolas, que isto foi mais difícil do que estava à espera…

quinta-feira, julho 05, 2007

Que surpresa

4240 portugueses participaram num questionário sobre incidência gripal, cujos resultados estão disponíveis no gripenet. Numa iniciativa inédita no nosso país, ficamos a saber que o pico da epidemia de gripe começou em Fevereiro e que, surpresa das surpresas, a 6.ªf foi o dia da semana em que mais portugueses apresentaram sintomas gripais! Ninguém diria, a seguir nem vem aí o fim-de-semana... Palpita-me que o 2.º dia da semana em que mais portugueses apresentaram sintomas gripais terá sido a 2.ªf. Mas isso também já sou eu que sou má-língua.

Andreia

Logo vou contigo ao Super Bock e tu vais comigo aqui! Aceitas?

Vou para o Nepal

Pele dourada, corpo semelhante ao de uma figueira, coxas como as de um veado, pescoço como uma concha. Estas são algumas das 32 perfeições necessárias para se ser considerada divindade no Nepal, que, obviamente, reúno na totalidade. Mas a situação no Nepal não está fácil. Sajani Shakya, de dez anos, foi demitida da sua qualidade de divindade. E porquê? Porque foi aos Estados Unidos. O que é que lhe acontece agora? Vai estudar e esperar pelos 18 anos para começar a trabalhar? Não! Vai ser reformada.
Ainda bem que hoje fui fazer análises, cujos resultados assim que chegarem serão enviados para o Nepal, porque sem divindade é que o país não pode ficar. Para além disso, quando me fartar posso sempre fazer uma viagenzita e reformar-me, digamos, lá para os 31.

sexta-feira, junho 29, 2007

Genial

este

+ este

quinta-feira, junho 28, 2007

Regras protocolares

Haverá alguma maneira simpática de dizer ao nosso colega do lado para não comer de boca aberta?

terça-feira, junho 26, 2007

Um talento perdido

Durante muito tempo, manias de quem se acha melhor que os outros, ao ler os livros tomava nota dos erros e, posteriormente, enviava para as editoras, com uma nota que dizia qualquer coisa como: ‘na próxima edição, se quiserem têm aqui uns erritos que podem rectificar’. Recebi uma resposta. Chapa 4, mas não interessa. Sempre achei que alguma alma caridosa podia olhar para os meus e-mails e pensar em recrutar-me como revisora. Entretanto, as minhas leituras quase que se resumem a jornais, e revistas quando vou ao médico. Mas, na minha maravilhosa profissão, tenho o privilégio de contactar com inúmeras agências de comunicação onde não me importava nada de trabalhar e é nas alturas em que recebo e-mails trocados entre colegas que se esquecem de me ‘apagar’, depois de ter confirmado presença num evento, que dizem: ‘Para colocares nas confirmações... Já são 2..........’ ou um título em capitais que diz ‘TIAGO MONTEIRO IMPRECIONOU NA ESTREIA’, que quase me atrevo a mandar o currículo para lá com a nota: ‘com funcionários assim vão longe, vão’. Mas quase me atrevo, quase. Reduzo-me à minha insignificância e fico à espera que alguém descubra todo o talento que encerro em mim.

É muito jogo de cintura

Muito jogo de cintura e energia de 10.000 Red Bull. Em breves palavras seria assim que descreveria o concerto de ontem dos Rolling Stones, naquele que foi o primeiro concerto do estádio Alvalade XXI, e quiçá de sempre, num relvado azul. Confesso que não sou grande fã deles, provavelmente por também não ser grande fã de nada. Gosto disto, daquilo e daqueloutro, mas não me chego a ‘especializar’ em nada. Seja como for, lá fui eu, 140€ mais leve, ver aquele que supostamente será o último concerto dos senhores. Não cheguei a tempo dos Jet, mas ainda deu para ver os mais de 30 macacos que entre concertos aparafusaram, desmontaram, montaram e aprimoraram um palco fenomenal. Para quem não foi, e para terem uma ideia, havia uma plataforma ‘flutuante’ que, mais ou menos a meio do concerto, se deslocou e viajou quase até à outra ponta do estádio, com os músicos lá em cima, sempre aos pulos. Aqueles que como eu estavam lá à frente não devem ter achado muita piada, mas o pessoal da retaguarda deve ter ficado bem contente com aquele ‘bónus’. Incansável e imparável, Mick Jagger trazia a lição bem estudada e lá foi dizendo ‘Olá Lisboa, estão todos bem?’ e ‘É fantástico estar de volta depois de dois anos’. Para os meus vizinhos da frente, os momentos marcantes foram proporcionados pelas actuações de Keith Richards. Já para mim, a noite teve dois momentos altos: a entrada surpresa de Ana Moura – que mais logo vou ver ao S. Jorge - para cantar “No Expectations” num imprevisto e não estudado dueto com Jagger; e a homenagem a James Brown em “I'll go crazy” com Lisa Fisher a arrepiar com o seu vozeirão. O tema não foi o mesmo, mas dá para terem uma ideia da senhora em palco.

segunda-feira, junho 25, 2007

É por estas

que não deito jornais/revistas fora sem ver tudo!
para onde mando o CV, mesmo?

domingo, junho 17, 2007

Procura-se!

Quanto gosto do que faço, independentemente de tudo o resto, aguento até os mais insuportáveis colegas e as mais injustas situações. É a chamada puta da comodidade. Para mim, é tão mais fácil deixar-me andar ao sabor da corrente do que ter de passar por todo o processo de procura anúncios, responde, envia candidaturas espontâneas, fala com este e com aquele. Não consigo. É uma situação com a qual ainda hoje não sei lidar. Actualmente, estou numa destas situações. Todos os meus amigos já me ouviram a queixar-me das horas, dos fins-de-semana, dos colegas, de tudo e mais alguma coisa. Mas quando se gosta do que se faz, eu pelo menos sou assim, vou estando. Uns dias melhores, outros piores. Mas qualquer coisa é melhor do que ter de andar com o nervoso miudinho de uma possível chamada e de uma possível entrevista. Definitivamente não sei lidar com isto, portanto, todas as cunhas são bem-vindas só para não ter de passar por isto. Há uns tempos que digo que vou começar a responder a anúncios e nada. Uns até interessantes, mas falta-me a coragem. Até hoje. No Expresso um anúncio para Assessor de Imprensa, num grupo onde até conheço algumas pessoas. Não a ponto de lhes poder pedir a bendita cunha, mas a ponto de se apanharem o meu currículo se lembrarem de mim. Não tenho nada a perder e tenho de lutar por aquilo que quero. Pode ainda não ser agora, pode não vir a ser sequer, mas não estou em tempo de ficar a ver os barcos passar.
E como normalmente é mais fácil falarmos do que está mal e do que nos incomoda, aproveito para dizer que se não fosse ter o chefe que tenho, já me tinha mexido há muito mais tempo. Obrigada, Boss!

sexta-feira, junho 15, 2007

Have a little faith

O dia começou mal. A noite também já não havia acabado bem, numa luta entre o não ter sono e não querer dormir e o ter de apagar a televisão para que ele pudesse dormir. Ele que hoje faz anos e que não vai receber nenhuma prenda, porque eu, apesar de não o sentir, achava que sim. Desta é que é. E afinal não. E lá se foi toda a esperança guardada em slêncio nas últimas duas semanas, com a certeza de que ia ser uma oportunidade única, memorável. E afinal não. E com a esperança, o desgosto, o desolo, a tristeza, a vontade de chorar. Arrasto-me do sofá para o escritório, nem televisão me apetece ver e assuntos de trabalho esperam por mim. Ainda de camisa de dormir, tal é a inércia, chegam-me os primeiros sinais de que algo se passa para além do que se passa neste meu mundinho. Eu estou de rastos, mas ela ainda está pior. Ele chama-me traidora, para de seguida dizer que faço falta. E assim esqueço, momentaneamente, a questão inicial e só me vem a memória esta música, porque hoje é dia de festa e não para baixar os braços e desanimar!

quinta-feira, junho 14, 2007

?

Estou de férias. Do trabalho. Do marido. Dos amigos. Estou de férias e trato de mim. Penteado novo, unhas novas, massagem, compras, jogging ao fim do dia, descansar até o corpo se queixar da monotonia. E é nestes dias, em que as conversas de cabeleireiro vão, invariavelmente, dar a sexo, que penso se valerá mesmo a pena andar todos os dias a correr de casa para o trabalho e do trabalho para casa. Sim, elas não estudaram e é por isso que são cabeleireiras e manicures. Mas não deixam de ser menos úteis à sociedade por isso. Eu, pelo menos, preciso delas. E é porque são cabeleireiras e manicures que trabalham a 10 minutos de casa, que podem almoçar com os maridos, com os filhos ou em casa dos pais; que saem quase à mesma hora que eu e ainda têm tempo de apanhar a mercearia aberta ou de ir beber um café com as amigas ainda de irem para casa fazer o jantar; que não andam sempre a correr – ou até andam, porque essa me parece é uma característica à qual não conseguimos fugir – e paradas no trânsito; que podem estar a trabalhar e ir num instante a casa estender a roupa; que podem receber uma visita dos maridos na hora de almoço. Não me imaginando a ter uma vida pacata, sem a agitação que todos conhecem, às vezes não deixo de me questionar se vale a pena.

quarta-feira, junho 06, 2007

Ironias

Ele, ou ela, mas creio que será um ele, avisa: "quem ler isto é burro". Burra ou não, a verdade é que acho absolutamente geniais algumas das suas ironias, como esta que resolvi copiar para aqui.
Água
Porque é que os velhos dão moedas
às crianças para comprarem pirolitos,
se há tantos de borla no mar?


Se gostaram, há mais aqui.

quinta-feira, maio 31, 2007

Esta é para ti Paramix

Por aqui ouve-se

e aproveita-se para te dizer: gosto muito de ti!

quarta-feira, maio 30, 2007

Bem-vindos

Boa noite, somos os The Police e estamos de volta.”

Estádio Nacional, 25 de Setembro.
Bilhetes entre 55 e 95€.

terça-feira, maio 29, 2007

Fever

Para passar o tempo

http://dna.imagini.net/friends/
e as fotos são giras

Cada coisa a seu tempo

As coisas chegam provavelmente no momento justo. Mas por vezes nunca chegam e eu sei o que é a dor terrível dos que vivem essa situação. Só acredito na arte que nasce de uma necessidade interior. A que nunca nos deixa.

Elisabeth Kontomanou, cantora de Jazz do Ano em 2006

Grande cena

Ainda na onda dos Da Weasel. No Expresso de dia 12 vinha uma breve notícia a dizer que Rui Massena se tinha tornado no primeiro português a dirigir uma orquestra na mítica Carnegie Hall. Inevitavelmente, veio-me à memória – não uma frase batida – mas a imagem do maestro momentos antes do memorável concerto dos Da Weasel com a Orquestra Sinfónica no jardim em frente à Torre de Belém. De máquina fotográfica em punho, andava a fazer uma reportagem dos bastidores. A imagem do Pacman, em tronco nu, a jogar PSP contrasta com a do maestro, majestosamente vestido, a concentrar-se. “Peço imensa desculpa mas vou ter de fechar a porta”, disse-me. Com certeza. A foto não chegou a ser tirada. Fica a imagem mental e a sensação de que foi um dos melhores concertos a que já assisti. Até à próxima…

domingo, maio 27, 2007

Acerca da consciência e cobardia*

Na semana passada, os Da Weasel foram uma das bandas a passar pelo palco principal do Creamfields Lisboa. A certa altura, o Pacman virou-se para o público e perguntou se ali estava algum filho da puta do PNR, a que se seguiram alguns ataques ao líder do partido e seus elementos. Na crónica de hoje, que escreve para a revista do Correio da Manhã, Pacman assume que durante os concertos está numa espécie de transe difícil de explicar. Vai daí os insultos. Diz ainda que questionou alguns amigos a saber se fariam o mesmo, acrescentando que na altura pensou logo que estava lixado. Eu, que estava lá, confesso que fiquei boquiaberta com a atitude e pensei exactamente o mesmo que ele. No entanto, não deixo de querer acreditar que, apesar do tal estado de transe, foi mesmo um acto de coragem. Só ainda não consegui perceber se é isto que queremos, se é assim que se fazem as coisas... se por um lado devemos defender que não é a cor da pele que interessa, que é o que a pessoa é e faz no seu dia-a-dia, não sei se a melhor maneira de o fazermos é alimentar este tipo de atitudes de pessoas que dizem prezar a família acima de tudo, mas que assumem, claramente, que o que querem é acabar com os imigrantes e com os gays. Não conseguindo fazer isso muitas vezes, parece-me que há umas quantas que o melhor é mesmo ignorar.

* título roubado à crónica do Pacman

quinta-feira, maio 24, 2007

Se, se e mais se

No Metro de ontem, uma notícia que dava conta que se em 1865 existisse a tecnologia médica de hoje, Abraham Lincoln não teria morrido. Sim, e se os meus pais não tivessem mandado uma queca naquela dia eu não tinha nascido, e se o senhor não tivesse adormecido ao volante não me tinha atropelado, e se tivesse perdesse o autocarro chegaria atrasada, e se não tivesse chegado naquele preciso momento tinham-me assaltado a casa, e se…
Vamos mas é trabalhar e fazer com que as coisas aconteçam, sem estar a viver de cenários hipotéticos! Boa?

quarta-feira, maio 23, 2007

no comments


Decoro ou egocentrismo?

Primeiro chegou em forma de comentário. Depois por e-mail. E, como se não bastasse, terminou com direito a um telefonema, no mínimo, exaltado. Uma senhora, aliás duas, foram apanhadas na mira da minha máquina fotográfica num evento público, a que fui a convite da organização, não que isso interesse muito para o caso, mas foi o que tentei alegar em defesa. Indignadíssimas, as senhoras exigiram que as fotografias fossem retiradas do ar. “A minha profissão não me permite…”, disse uma delas. Se tivesse 14 anos e andasse pela rua a insultar as pessoas por andarem de óculos de Sol quando estava a chover, até uma senhora me responder que tinha uma doença que não a permitia andar sem óculos, diria que as senhoras são lésbicas e que não querem ser vistas juntas porque ainda não se assumiram perante os pais e os amigos, que têm cancro – está relacionado com a situação, não sou assim tão má -, ou que são prostitutas e têm os direitos de imagem reservados a um chulo qualquer. Sendo assim, e como já sou mais crescidinha, fico com as minhas dúvidas e questões em tentar perceber porque é que, estranhamente, duas pessoas que aparecem em separado num mesmo acontecimento, reclamam por verem as suas fotos a ilustrar um artigo, sendo que aparecem sempre de costas…

quinta-feira, maio 17, 2007

Um de cada vez, sim? E de forma ordeira

Alexandre Pais, director do Record, escreve também para a Sábado. Numa das suas crónicas diz “gosto que quem me lê me conheça para que possa dar às opiniões que produzo a sua importância relativa”. Assim sou eu também. Portanto, não se acanhem. O que querem saber de mim seus meia dúzia de gatos-pingados que por aqui passam?

E vá, não me deixem ficar triste, sem perguntas, a pensar que na verdade só passam por aqui por engano e não querem saber de mim.

Não me façam vir eu própria fazer perguntas, please!!!

quarta-feira, maio 16, 2007

Quinta-feira de espiga

Todos os dias, no caminho para casa, passo por uma recta cujas bermas estão pintalgadas de um vermelho e verde lindíssimos. Não são rosas, senhor, mas são papoilas. Ou melhor, eram. De há umas semanas para cá, cada vez que lá passo, normalmente ao fim do dia, com o Sol a convidar, penso em levar a máquina fotográfica para registar o momento. Adoro papoilas e a sua frágil beleza. Ontem, um senhor de cada lado da estrada, apanhavam-nas de debandada. Fiquei triste. O meu cenário inspirador foi corrompido. Lembrei-me que a 5.ª feira de espiga, feriado do concelho onde habito, devia estar a chegar. É já amanhã e aqui no trabalho ninguém ouviu sequer falar na tradição de apanhar a espiga nem repararam nas senhoras que neste dia as vendem em raminhos à saída do metro. 3 papoilas, 3 raminhos de oliveira, 3 malmequeres, 3 espigas de trigo e, influências do meu avô, 3 patas-de-veado (acho que é assim que se chamam). Assim eram as minhas espigas até há uns anos. Mantida atrás da porta, ano após ano, diz-se que cada um destes “ingredientes” simboliza: o azeite (oliveira), o pão (trigo), o sangue (papoilas) e a alegria (malmequeres). Há outras interpretações, mas esta é a que conheço passada pelos meus pais, que já a receberam dos meus avós.
Durante uns dois anos uma amiga deu-me uma, mas tal como as castanhas – esta é uma história para breve – há hábitos que são difíceis de manter, e da mesma forma que a fotografia não será tirada, o que foi não volta a ser, ficam apenas as memórias que nos reconfortam a alma.Neste dia, conhecido também como Quinta-Feira da Ascensão, comemora-se a ascensão de Jesus Cristo ao Céu, encerrando um ciclo de 40 dias após a Páscoa.

A aleatoriedade da música na minha vida

À conta dela deu-me para isto. A ideia é escolheres uma playlist, meteres a correr aleatoriamente e responder às perguntas que se seguem. A ideia está, digamos, gira, mas depois revela-se um bocadinho extensa, já para não dizer que seguramente partiu de alguém que aqui quer encontrar resposta para a pergunta "será que alguma vez me vou casar?". Seja como for, já que me deu para isto, aqui ficam os resultados, que valem o que valem.

1 – Como te sentes hoje?
Volver (BSO Volver)
Nem sei o que comentar… não vi o filme, mas gosto da Penelope e foi por isso que arranjei a banda sonora. Se faz sentido ou não, sinceramente não sei. Antes estava a tocar Tudo num segundo, dos D’zrt, e essa sim já me parecia mais adequada, porque os meus dias são assim, todos os segundos contam.

2 – Vais ser alguém na vida?
La Fête (Rodrigo Leão)
Que isto queira dizer que a minha vida vai ser uma festa, mas que o meu futuro não seja ser o palhacito para animar os outros.

3 – Como os teus amigos te vêem?
Delicate (Damien Rice)
Gostei! Durante as crises de falta de auto-estima vou pensar que para aqueles que realmente importam sou assim.

4 – Vais casar?
The Rat Within the Grain (Damien Rice)
Um pouco melancólica esta, mas ainda assim, e como o copo está sempre meio cheio, a mensagem a reter daqui é:
I wouldn't want you to want
To be wanted by me
I wouldn't want you to worry
You'd be drowned within my sea
I only wanted to be wonderful
And wonderful is true
In truth I only really wanted
To be wanted by you

E que isto queira dizer que tenho um casamento feliz! ;)

5 – Qual é a música do teu melhor amigo?
Celofane (Mesa)
Como me orgulho de ter muitos amigos, escolho a frase “por mim sentava-se outra vez a ler a sina numa chávena de café preto”, para ilustrar os meus amigos. Não querendo “excluir” a que vai à “bruxa”, com todos eles tenho o ritual de nos sentarmos a beber café.

6 - Qual é a história da tua vida?
Alma Mater (Rodrigo Leão)
??? Help! O que é que isto quer dizer? E não vale virem com explicações da wikipédia

7 – Como é que foi a Escola Secundária?
Verão Azul (D’zrt)
Se fosse só o Secundário… na mouche!

8 – Como é que podes ir adiante na vida?
Love is a Losing Game (Amy Winehouse)
Nem sempre podemos sair vitoriosos e é na adversidade que se encontram outras oportunidades.

9 – Qual é a melhor coisa nos teus amigos?
Déjà vu (Beyoncé)
Completamente ao lado!

10 – O que é que está “in” nesta semana?
What’s Left On Me (Nick Lachey)
?

11 – Como é a tua vida?
À espera de Sofia (Rodrigo de Leão)
A Sofia é que deve estar à minha espera, mas isso levava-nos para outras histórias. Da amiga de infância com quem cresci e a quem fiz as maiores diabruras, e a quem agora nem nos anos ligo. Desnaturices à parte, que isto signifique que na minha vida estou sempre à espera de algo e que sou uma constante insatisfeita.

12 – Que música vai tocar no teu funeral?
Fumo da Frase (Mesa)
Não conhecia – é o que dá ouvir música emprestada – mas parece-me adequado. Que início mais mórbido e até fala em demónios e em estar aberta a todo o tipo de experimentação. Será que há vida para além da morte e eu vou conseguir regressar para contar a toda a gente? A música é realmente horribilis.

13 – Como é que o mundo te vê?
Cold Water (Damien Rice)
Por acaso sempre me achei um bocadinho a confessionária de muita gente.

14 – Vais ter uma vida feliz?
Back to Black (Amy Winehouse)
Cruz, credo!

15 – O que é que os teus amigos pensam REALMENTE sobre ti?
A Janela (Rodrigo de Leão)
Janelas, portas e portões, está tudo aberto à vossa espera. O facto de nem ter campainha quer dizer isso mesmo. É entrar!

16 – As pessoas têm inveja de ti?
Who Knew (Pink)
Quem sou eu para contrariar a Pink?

17 – Como te podes fazer feliz?
He Can Only Hold Her (Amy Winehouse)
Isto já parece o horóscopo do Metro. Há para todos os gostos. Uns hoje fazem sentido, outros nem por isso. Mas seguramente, e isto está provado cientificamente, que tudo isto tem a sua razão.

18 – Com que música farias um striptease?
John Henry (Bruce Springsteen)
Vamos lá tirar as botas e o chapéu à cowboy do armário.

19 – Se um homem numa carrinha te oferecesse um doce o que farias?
Me and Mr Jone (Amy Winehouse)
E é agora que este questionário começa a fartar…

20 – O que é que a tua mãe pensa de ti?
13 Mulheres (Expensive Soul)
Eu não quero cenas assim… está na letra.

21 – Qual é o teu segredo mais escuro e profundo?
Cheers Darlin’ (Damien Rice)
What am I darlin'?
A whisper in your ear?
A piece of your cake?
What am I, darlin?
The boy you can fear?
Or your biggest mistake?


22 – Qual é a música do teu inimigo mortal?
Unfaithful (Rihanna)

23 – Como é a tua personalidade?
Essência (Da minha vida)
Mais um dia, mais uma noite, passada como se fosse um carrossel

24 – Que música vai tocar no dia do teu casamento?
Rosa (Rodrigo Leão)
Bem podia ser, em homenagem a mamãe

É o que dá estar com pouco apetite para o trabalho.

terça-feira, maio 15, 2007

O que dá ter um bom dentista

Um homem que não sorri, não comunica. Eu não lhe disse para limar os dentes, apenas um dia sugeri que mudasse de dentista. Foi tudo. Na semana seguinte, já não tinha os dentes, o que o libertou, porque começou a sorrir.”
Jacques Séguéla em entrevista à Sábado, a propósito de um dos factores que considera ter sido determinante para a campanha política que levou Miterrand à vitória.

Mentiroso compulsivo

Depois de ter revelado que tem “a loucura dos sapatos”, que a “empregada fica doente” quando ele vai ao estrangeiro, “porque já não sabe onde meter tantos sapatos”, que tem cerca de 4200 Swatch, que hoje se dedica mais à colecção de relógios tradicionais, que a Sotheby’s está interessada em vender a sua colecção, que tem relógios raríssimos, como o Rolex usado pelo Roger Moore no filme Goldfinger, que são precisas 12 pessoas (o pormenor) para deslocarem as vitrines à prova de bala onde guarda 600 relógios, que nas férias pega no seu Pershing 56 e vai para as Baleares, Carlos Barbosa, presidente do ACP, ainda diz: “quando não se tem dinheiro, pensa-se: quando eu o tiver, hei-de ter isto, isto e isto. Depois de se ter – e quando vendi o Correio da Manhã fiquei com muito dinheiro -, acabamos por realizar estes sonhos. E percebemos que as coisas boas da vida, afinal, não têm nada a ver com dinheiro.”

segunda-feira, maio 14, 2007

O que são soquetes?

Nesse belo programa de referência da TVI, A Bela e o Mestre, cuja final aconteceu ontem, perguntava o Zé Pedro a um dos concorrentes: «o que são soquetes?». Resposta a) meias que vão até ao joelho; resposta b) meias que vão até aos tornezelos. Tornezelos???? Eu que até me tinha abstido de tecer considerandos sobre o programa, nesta recta final não consigo ficar indiferente. Quando a Clara Pinto Correia saiu, e que foi sujeita à prova da secretária, não sabia quem era o Mickael Carreira nem a protagonista da novela da TVI, Doce Fugitiva, Rita Pereira, tendo-se desculpado que aquelas pessoas não eram da sua geração e que, portanto, não tinha obrigação nenhuma de as conhecer. Aparentemente, este princípio só se aplica quando é o júri que não sabe, porque depois quando as belas não sabiam quem era a Maria Cavaco Silva ou o António Calvário, era porque eram burrinhas. E eu que sempre pensei que todas aquelas pessoas, entenda-se apresentadores e júri, tinham sido escolhidas a dedo, com as gaffes que tiveram ao longo de todo o programa, parece-me mesmo que até a produção foi escolhida a dedo. Mas também depois de ter visto a Bárbara Guimarães na final do Campeonato Nacional de Língua Portuguesa a dizer ice (ler em inglês), para se referir a malandrice, já se espera tudo.

domingo, maio 13, 2007

Um ano e um dia

fez ontem um ano e um dia que aqui comecei a escrever. tal como os postais que continuo a escrever naquelas ocasiões mais especiais, queria escrever aqui qualquer coisa. queria dizer que apesar de tudo continuo a ser a mesma e que nem me importa que tanta gente me conhecesse no outro lado e aqui, onde me refugio atrás de um nome inventado, nem saiba quem sou. mas a verdade é que não continuo a mesma e tanta coisa mudou. aqui não me sinto eu própria, mas também não tenho coragem para me assumir. tantas palavras que não chegam a sair do caderno ou da cabeça, tanta oportunidade passada em vão. no entanto, e como quero acreditar que é na adversidade que surgem as melhores oportunidades, aqui fica um outro eu, também não tão actualizado quanto seria desejável, mas sempre na esperança de melhores dias.

quarta-feira, maio 09, 2007

O que se faz de grande faz-se em silêncio

Esta é a frase de hoje, no citador, de Erik Geijer, que tomo como minha para dizer o que me vai na alma neste delicado momento. Acima de tudo, e independentemente do que venha a acontecer, dói-me saber que alguém que admiro profundamente está a ser prejudicado por aquilo que o fez ganhar e que é também o que o derruba. Podia dizer que é uma pessoa como eu, como tu ou como tantas outras com quem nos cruzamos diariamente na rua e nem prestamos atenção. Mas não, este senhor, a meu ver – e sei que não estou a ser isenta - , é um grande Homem, que luta por aquilo que acredita e que se algum mal vez foi tentar ajudar todos. E não deixa de ser curioso que quando se esperava que lançasse a toalha ao chão, aproveitasse para enunciar algumas das muitas coisas que fez ao mesmo tempo que afirmava convincentemente que não ia saltar borda fora. Curioso porque só agora é que esses feitos são revelados, quando nada mais há a fazer. Mas eu sei que a obra feita é muito maior e esta foi uma vitória pessoal, que lhe custou a vida e muitos amigos (ou conhecidos) e o encheu de rugas e cabelos brancos! Os meus sinceros parabéns pela coragem, Professor.

domingo, maio 06, 2007

I Only Ask of God

Era capaz de ouvir isto em loop todo o dia

A intérprete

Acho que desde Entre Inimigos não via um filme que me cativasse tanto como A intérprete, que ainda por cima passou na televisão, um feito louvável tendo em conta que antes tinha sado O Vulcão, filme que já passou um sem número de vezes e não tem a miníma piada. Se ainda não viram, vejam! Nicole Kidman linda como sempre e Sean Penn ao seu melhor nível, com Sydney Pollack a mostrar que a empatia nem sempre tem de dar em sexo.

sexta-feira, abril 27, 2007

Os Távoras

Por causa dela, lembrei-me que tinha uma foto parecida e que era capaz de ficar gira a preto e branco. O resultado é este.

Este pátio dá acesso ao antigo Palácio dos Távoras, hoje abandonado, em ruínas e assombrado pelas almas da família, dizem. Reza a história que Marquês de Pombal era muitas vezes criticado pela nobreza, por ser um burguês que dava conselhos ao Rei, na altura D. José, o que era muito mal visto na altura. Os Távoras eram precisamente uma das famílias que não gostavam desta ligação. Assim, quando houve um atentado ao Rei, o Marquês de Pombal teve a oportunidade certa para acabar com os Távoras. Acusou-os de traição e de tentarem matar o Rei. Alguns membros da família foram torturados e assassinados. E como se isto não bastasse, o Marquês mandou ainda apagar o brasão da família Távora, ainda hoje visível na fachada do palácio abandonado.

Vai cagar ao mato

Ou é o meu rabo que é muito grande ou então sou uma esbanjadora, mas não vejo como é que se consegue ir à casa de banho e gastar "apenas um quadrado em cada visita à casa de banho, excepto, é claro, naquelas ocasiões desagradáveis em que dois ou três podem ser necessários". A menos que estejamos a falar daquele papel higiénico brilhante que a Renova lançou e que vem numa caixa com 148 diamantes incrustados. Mas não. Esta é uma sugestão da Sheryl Crow, preocupada com as questões ambientais.

Notícia aqui.

quarta-feira, abril 25, 2007

Tenho tanta pena

Completamente sedada pelos medicamentos que te deixam como que a pairar nestes dias loucos que não parecem ter fim, em que as perguntas não saem da cabeça e não deixam as respostas – se é que as há – entrar, dizias-me “tenho tanta pena, tenho tanta pena...”. Sem te conseguir ajudar perante o inevitável, deixaste-me completamente alterada. Definitivamente isto não é o que quero para mim. Viver com dúvidas, com questões mal resolvidas como se nesta vida houvesse tempo para orgulhos feridos. Cada vez mais me convenço que tudo é muito fugaz e não temos a verdadeira noção do tempo, que pode ser trapaceiro.
Há mais de um ano que estou a ler as cartas que António Lobo Antunes escreveu à sua mulher enquanto estava na guerra. E se ao início me fez confusão a sua forma de escrita, até então desconhecida para mim, à medida que fui avançando, a estranheza prendia-se sobretudo com a exposição de um amor que se quer, minimamente, resguardado e como se costuma dizer em questões de casamento: entre quatro paredes.
Quando o senhor foi distinguido com o Prémio Camões, foi como que um despertar forçado para chegar ao trabalho a horas. Afinal se já conseguia ler Saramago, qual era o problema com o Lobo Antunes? A verdade é que as recentes, e não poucas, horas semanais passadas no hospital deram um empurrãozinho na sua leitura, que torna a espera bem menos longa. Mas agora, e depois de saber que o senhor está muito doente, a minha sensibilidade alterou-se radicalmente e tenho de me render às evidências de que há mesmo uma altura certa para se ler cada livro.
Arranja uma grande cama para nela morremos juntos, colados um ao outro, sem que saibamos qual dos nossos dois corpos somos”. Como é que se consegue ficar indiferente a esta frase? A questão da privacidade já nem se coloca, só o amor e mais nada.
E hoje, ao falar contigo, voltei a repensar tudo. Os amigos, a família, o descanso e tudo o resto, que neste momento é muito mais que os primeiros porque o trabalho me consome e me enche de cabelos brancos. Hoje, as minhas certezas de que não é isto que quero, voltaram a reafirmar-se e espero que com elas um novo alento para continuar a ser a mulher presente, a amiga que está ali à mão, a tia que dá uma ajuda com os sobrinhos, a filha refilona e a profissional que sempre me orgulhei de ser.

segunda-feira, abril 23, 2007

A ti Pança e a ti Maria Gorda

Depois de três meses de sofrimento, entre estados raros de lucidez e muitos de inconsciência, o coração da ti Pança resolveu, mesmo com a ajuda das máquinas, parar de trabalhar. O mesmo já havia acontecido com a ti Maria Gorda, sua cunhada e minha avó. A alcunha pela qual eram conhecidas, e que ainda hoje persiste naqueles cujos corações são mais resistentes e que volta e meia ainda ouço quando passo na Rua 1.º de Maio, não tinha o carácter depreciativo a que hoje estamos habituados. Sim, eram robustas. Mas não me parece que a explicação venha daí. Aliás, não faço a mais pequena ideia de onde venha. O verdadeiro nome da ti Pança nem o conheço. E é nestas alturas, em que se fecha mais um ciclo, que repensamos no que já passou e naqueles que já partiram. Ontem à noite questionava-me mentalmente se havia de ir ao funeral. Para além de ser a última tia-avó que tinha do lado do meu avô, a ti Pança é mãe de umas primas que adoramos e era avó do primo que nos deu o prazer de sermos padrinhos do seu filho. Mas depois penso, em três meses de internamento, não fui vê-la nem uma vez. Mesmo enquanto estava em casa das filhas, minhas vizinhas, só a via quando ela estava na rua a apanhar Sol. Queria ir ao cemitério falar com a ti Maria Gorda, mas isso posso fazer sempre que me apetecer, porque sei que ela me ouve. Queria sair daqui porque acaba por ser o escape mais fácil. Mas, tal como não vou à missa pelas pessoas que me possam lá ver e ficar agradadas com o gesto, não vou a um funeral de uma pessoa que não estimei assim tanto em vida e que seria só para alguém ver. Ao invés disso fico aqui. Com a certeza, porém, de que esta vida passa realmente depressa e que temos de cuidar daqueles que amamos.


terça-feira, abril 17, 2007

História trágica com final feliz

Durante algum tempo, a minha imagem de apresentação no msn tinha sido retirada de uma ilustração alusiva a uma curta-metragem de Regina Pessoa. Durante 7’ e 46’’, a realizadora conta a sua própria história, a história de alguém que não desiste de fazer filmes de animação seguindo processos diferentes e morosos, a história de uma menina com um coração que bate alto demais e incomoda toda a gente.
A primeira vez que tive contacto com esta História, chegou-me como press. Ia ser projectada no Hospital Júlio de Matos. Esquecimento ou não, a verdade é que nada fiz com aquele press, limitando-me apenas a tomar a ilustração como minha. Pelo menos duas pessoas ma pediram, e pelo menos outras duas fizeram comentários. Sem ter retido a verdadeira informação do press, que entretanto apaguei, lembro-me de dizer que tinha sido feita com a colaboração de pacientes do Hospital. Vê-se logo que tem qualquer coisa no olhar; ar de quem pode cometer suicídio, disseram-me. Será mesmo que se consegue perceber tanto de uma imagem sem sequer fazer ideia do que ela representa ou de todo o simbolismo que está por detrás? Seja como for, História Trágica com Final Feliz já ganhou 40 galardões internacionais.


http://www.historiatragicacomfinalfeliz.com/

quinta-feira, abril 12, 2007

The Blower's Daughter

Ultimamente ouve-se muito disto por aqui...

terça-feira, abril 10, 2007

E depois são as mulheres que não percebem de futebol...

Ontem, no fim do jogo Beira Mar – Benfica, transmitido pela TVI, nas habituais declarações pós-jogo, o jornalista (se é que se pode chamar assim… primeiro tinha escrito o jornalista burro como deve ser requisito para trabalhar na estação, mas como não sei se um dia não irei trabalhar para lá, achei melhor alterar) saiu-se com algumas pérolas como:
Depois deste empate, como é que está o ambiente no balneário? Inteligente e “batido” nestas situações, Rui Costa ainda todo transpirado e ofegante, como os restantes jogadores que acabaram de andar 90 minutos a correr atrás da bola, foi um senhor e respondeu-lhe: “Oiça, eu ainda nem fui ao balneário…”. O que vale é que a seguir, e é aqui que entra a experiência, o Rui Costa disse-lhe tudo o que ele queria ouvir. Chegada a vez do jogador do Beira Mar, outra pérola: “é a 3.ª vitória consecutiva do Beira Mar…”, ao que Ratinho respondeu, como que ainda a pensar se teria estado noutro jogo, “nós empatámos…”.
A menos que este tenha sido o primeiro vivo do jornalista, quer-me parecer que não vai longe…

terça-feira, abril 03, 2007

A “Guida Gorda”

Quem me conhece, ou convive mais comigo no meu dia-a-dia, sabe que ando frequentemente com as leituras atrasadas. Acabamos de entrar no 2.º trimestre de 2007 e seguramente que ainda tenho jornais do início de 2006 para ler. Porque é que não os deito fora? Porque depois me podem escapar pérolas como a que vinha na Sábado, curiosamente da semana passada, a propósito dos 25 anos do Frágil. Entre 1984 e 1991, Margarida Martins foi porteira da discoteca e era conhecida como a “Guida Gorda”. Em 1984, na inauguração de uma exposição no teatro Éden, Margarida Martins foi apresentada a Mário Soares que lhe disse que já a conhecia e até já a tinha visto nua. Porquê? Porque a “modelo” na altura posou seminua, em cima de um cadeirão, para o convite para uma das festas de aniversário do Frágil. Ao invés de tentar apagar esta história dos anais, Margarida Martins ainda revela que fizeram os convites com ela de frente e de trás e que foi ela própria que decidiu a quem mandava o convite com a imagem da parte da frente e quem ficava com o rabo… a pergunta evidente: o que será que calhou ao então Presidente da República?

quinta-feira, março 29, 2007

Hoje fiz um amigo*

No seguimento do post anterior, chegar ao trabalho e receber um e-mail de uma pessoa que conheci em trabalho e que me pediu para o fotografar junto de uma amiga, claramente com poucas esperanças de que alguma vez aquele dia ficasse tanto para a posteridade, a dizer:

Agradeço imenso o envio da foto e tudo o resto. Parabéns, está muito bem elaborado. Imagino o trabalho que deu, mas se não for assim, nada tem sentido na vida. Tenho a certeza que é uma óptima funcionária e que gosta daquilo que faz.
Espero vê-la + vezes e desejo-lhe as maiores felicidades para o seu futuro e de todos que lhe são + queridos.
Beijinhos e muito obrigado.

É indescritível! Obrigada Manuel e tudo de bom para si e para os seus!

* título roubado à música Com um brilhozinho nos olhos, de Sérgio Godinho

Desde que eu esteja bem, tudo está bem

Começar e acabar o dia e retomar um novo dia que se quer mais calmo com acidentes automóveis é dose. Podia contar-vos do da manhã de ontem, em que um senhor de mota foi abalroado por um carro e que eu ainda estava lá, mesmo na fila da frente, quando chegou a sua mulher, ou do desta manhã que ainda por cima envolveu um amigo, mas que não passou de riscos e chapa, mas prefiro falar do insólito saído de um filme rodado a alta velocidade numa daquelas estradas infinitas dos EUA. Depois de ter desmarcado o maravilhoso curso de maquilhagem que resolvi frequentar, de ter levado um colega a casa e me ter perdido no regresso ao meu habitual caminho, pouco faltava para as 10h da noite e, portanto, o humor estava à beira de um ataque de nervos. À minha frente, e lá estava eu novamente na primeira fila, ia um Citroen cinzento. O tardar da hora fez com que fossemos, calma e seguramente, a mais de 100km/h, que é para não dizer que íamos a desrespeitar os limites da lei. Lembro-me que o senhor do Citroen tinha um blusão de penas, daqueles que me habituei a ver nos colegas de liceu, caracóis e conseguia manter o cigarro, já a chegar ao filtro, tremulamente entre os dedos, enquanto se lamentava pelos azares dos últimos dias. Hoje foi a vez de se levantar o capot em pleno andamento. A cena parecia mesmo saída de um filme, só que aqui conseguiu-se evitar o pior. Ninguém se magoou e todos os travões responderam positivamente à chamada. Mas é nestas alturas que eu vejo que as pessoas continuam a ser muito pouco sensíveis aos outros. Toda a gente, passado aquele momento inicial em que estava iminente um choque em cadeia, ligou os quatro piscas e, imediatamente, fez marcha-atrás e seguiu o seu caminho como se nada fosse. Então e aquele desgraçado que apanhou o susto da sua vida, mas mesmo assim manteve o discernimento e conseguiu controlar o carro sem chocar com ninguém? Serei só eu que acho que nestas alturas nem que seja apenas uma palavra de apoio vinda de um perfeito estranho pode ajudar a acalmar? E lá fui eu, do alto das minhas botinhas de salto alto, à lá gato das botas, pôr-me à conversa com o senhor a tentar acordá-lo daquele estado antes que mais alguma desgraça acontecesse. Os outros? Seguiram rumo a casa e às suas vidinhas, passadas a correr entre as viagens de casa para o trabalho, do trabalho para casa com paragem no supermercado, sem sequer pestanejarem na hora em que alguém pode precisar apenas de uma palavra, que em última análise não custa nada!

quinta-feira, março 22, 2007

Estou curiosa...


Filipa, ainda não tens por aí, não?

Cabeçadas

Há muito tempo que não escrevia aqui. As palavras continuam a ser, mais ou menos, e sempre dentro do nosso espaço editorial (esta é uma private muito estúpida que nem vale a pena explicar e que ainda por cima tem a ver com trabalho), o meu dia-a-dia, mas para estes lados andam mais escassas. Se me perguntarem se tem a ver com a pressão que a semana passada se instalou em mim a partir do momento em que me disseram “vais ser a minha homepage”, eu digo – aliás, os meus diálogos são todos: “eu disse…, ele disse…, depois eu respondi…, e ele disse…” – que não tem mesmo nada a ver, é só mesmo falta de tempo e, também, de assunto, porque reajo muito bem com pressões e prazos.
(isto hoje são só bocas foleiras aqui pelo meio…)
Mas voltando ao porquê deste breve post… ah, não posso! Ia dizer mal de um coleguinha de trabalho que apesar dos seus já longos anos de experiência não consegue dar um passo em frente sem pedir licença ao chefe, mas isto só quando se trata de assuntos que são da sua responsabilidade e dos quais dependem o bom funcionamento de toda a equipa, porque quando são assuntos pessoais ou que não interessam a ninguém é o primeiro a chegar-se à frente. Será porque assim o seu trabalho passa para 2.º plano? Mas, obviamente, que me vou abster de tecer considerandos em relação aos colegas de trabalho, porque, afinal, também eu, ao invés de estar a cumprir com as minhas obrigações contratuais, estou para aqui no paleio…

terça-feira, março 13, 2007

Quem é esta?

É o que dá não ter TV Cabo, e ter de apanhar os episódios que a RTP lá vai passando a muito custo...

Experimentem aqui!

sábado, março 10, 2007

Não deixa de ser triste

Num dia de Sol como o de hoje não tirei o pijama, saí à rua apenas para ajudar a minha mãe e, agora à noite, novamente para ir ajudar os meus pais. Há dias que bem podiam ser apagados da história, não?

Tanto Sol lá fora e eu aqui

Sabem quando têm prazos e tudo o que vos apetece, para além de que miraculosamente o vosso trabalho apareça feito, é sentar no sofá ou estar na net a ver tudo e mais um par de botas de coisas que não têm interesse nenhum? Eu estou assim. O problema é que os prazos já acabaram ontem... HEEEEEEEEEEEEELLLLLLLLLP!

Como as fadinhas da Floribella já acabaram as gravações, bem me podiam ajudar, não?

sexta-feira, março 09, 2007

Beija-me

Sugestão de sábado à tarde para quem não tiver nada para fazer!

Beija-me!

quarta-feira, março 07, 2007

A morte chega pela Internet

A partir de uma notícia publicada no Portugal Diário, fico a saber que me restam 2 milhões e qualquer coisa segundos para morrer, o que deve acontecer a 6 de Janeiro de 2075. É sempre bom saber, através de testes fiáveis como este, que vou morrer aos 98 anos, o que tendo em conta a actual esperança média de vida não deixa de ser surpreendente.


O teste está aqui.

segunda-feira, março 05, 2007

Legumes com sabor a tubo de escape

Em tempos trabalhei para os lados de Cascais e tinha de passar diariamente pelo IC que liga a 2.ª Circular à A5. Lembro-me de reparar nas pequenas hortas ali mesmo à beira da estrada e de me fazer alguma confusão. Não porque realmente ache que os legumes possam saber a dióxido de carbono, mas pelo facto de as pessoas aproveitarem um qualquer cantinho de terra para fazer a sua agricultura. Lembro-me ainda de na altura reparar que eram sobretudo velhotes e lembrar-me do meu avô, que mesmo com o cansaço da idade nos ombros era na horta que se sentia bem. Provavelmente, estes velhotes nem sempre moraram nestas casas à beira da estrada e esta espécie de horta é o que mais de parecido têm agora com a vida que tiveram noutros tempos, ou então, este é o um dos poucos entretenimentos que têm enquanto esperam a morte sem baixar os braços. Agora vejo que sou uma sortuda por morar no campo onde, supostamente, o ar não é tão poluído e os legumes e frutos têm obrigatoriamente de ter um outro gosto. Afinal até nos programas de culinária da 2 dizem que não há tomates como os do campo. Sou também uma sortuda porque é só sair de uma porta e entrar na casa ao lado e trazer cebolas, alhos, batatas, a minha preciosa Lúcia Lima para o chá de fim de dia, limões, salsa, coentros, ovos, … Mas que estes legumes devem ter outro sabor devem…

O porquê de me ter lembrado disto agora, está aqui!