sábado, dezembro 18, 2010

A recordar escritos antigos

18-01-2006

Ontem vieste à janela dizer-me adeus e eu não estava. Hoje já estou à janela mas tu ainda não chegaste. Ontem o nosso almoço ficou para depois. Hoje nem sei se consigo comer algo mais que o bolo de chocolate que resolvi fazer para trazer para a reunião que me vai ocupar todo o dia e impossibilitar de estar à janela contigo. Por isso, um Bom Dia para ti! E quando pensares que o dia de ontem foi mau, lembra-te que já tiveste outros piores e não foi por isso que desististe ou deixaste de te levantar de manhã da cama para abraçar a loucura de mais um dia em que o Sol até pode não brilhar tanto mas em que sabes que há sempre alguém a velar por ti. Um beijo na boca! ;-)

domingo, dezembro 12, 2010

Teimosia em tempos de crise

Não há açúcar. A notícia saiu em todo o lado e as pessoas correram para os supermercados para abastecer a despensa com tal bem, tão precioso nesta altura festiva, sobretudo se pensarmos que cada um de nós não compra fora mas faz em casa o seu Bolo-rei, ou rainha, as lampreias de ovos, os sonhos e os coscorões. Tenho para mim que esta corrida ao açúcar é um pouco despropositada, mas basta um aviso e, regra geral, pensa-se que o mundo vai acabar amanhã, portanto, vamos lá comprar 5kg de açúcar. E hoje ao almoço diz-me o meu sogro: “vê lá tu que a Susana, que em 30 anos nunca aqui fez compras, veio comprar açúcar. E eu não lho vendi.” Eu, que cresci num café/restaurante, não foi a primeira vez que fui confrontada com situações semelhantes. Nos dias de hoje, com a crise, e porque a margem de lucro do tabaco é pequena, os meus pais guardam algumas marcas na gaveta, ao invés de estarem na prateleira à vista de toda a gente, para só venderem aos clientes habituais, porque os outros só lá vão comprar tabaco. E agora pergunto eu: mesmo com uma margem pequena, não será preferível fazer algum negócio a nenhum? Não consigo perceber este tipo de atitudes. Porque é que em vez de mostrarmos às pessoas que temos aquilo que elas querem e mais ainda, guardamos para dar aos mesmos de sempre? Não me parece que seja assim que se conquistem mais clientes, mas eu sou nova e eles é que estão nesta vida há muitos anos, por isso, é que sabem...

sábado, dezembro 11, 2010

Nunca é tarde demais


- O senhor tem filhos?
- Depende. Nunca fiquei casado tempo suficiente.
- Não se preocupe. Estou há tempo suficiente pelos dois.
- Como vai isso?
- Vai andando.
- Assim tão bem?
-...
- Foi por isso que inventaram os interruptores da luz.
- (riso)
- Não me interprete mal, adoro estar casado, já o fiz quatro vezes. O problema é que também adoro estar solteiro. É difícil ter as duas coisas em simultâneo.
- Ninguém é perfeito.
- O meu único casamento bem sucedido foi com o meu trabalho. Comecei a fazer dinheiro aos 16 anos e era isso que eu queria. Nunca mais parei.
- Diabos me levem. Eu queria ser professor de História.
- Ninguém é perfeito.
- Andei dois meses na faculdade até a Virginia me dar a notícia. E depois, sabe como é. Jovem, negro, liso, um bebé a caminho... Aceita-se o primeiro trabalho decente que nos aparece à frente. Sempre quis voltar a estudar, mas 45 anos passam muito depressa.
- Desaparecem como vento.

terça-feira, dezembro 07, 2010

Estamos sempre sozinhos

Não me recordo se foi a minha irmã que uma vez me disse isto, mas sei que na altura não liguei muito, até porque não me parecia que fizesse grande sentido. No entanto, um destes dias em que estava a ver um daqueles filmes de sábado à tarde, usaram a mesma frase e foi aí que percebi que, independentemente de sermos casados, namorados, termos amigos que são um pouco mais que isso, de partilharmos uma casa e até uma vida, no fim de tudo estamos sempre sozinhos. As decisões são sempre nossas, só nossas, mesmo que envolvam outras pessoas. Eventualmente temos um amigo que é como se estivéssemos a falar connosco próprios, mas que infelizmente e por muito que se diga que se está sempre ali, à distância de um telefone ou de um e-mail, não está. Porque há sempre momentos em que queríamos ajuda com alguma coisa ou partilhar o que nos vai na alma, mas esses momentos são meros segundos que mais parecem uma eternidade, e que com a mesma rapidez que nos assolam desaparecem, ou porque não faz sentido ligar à outra pessoa por aquela palermice ou porque entretanto a vida nos obriga a fazer outras coisas. Portanto, muito friamente, acho mesmo que estamos sempre, ou uma grande parte do tempo, sozinhos, por isso, porque não havemos de estar sozinhos com alguém que, mesmo que não nos complete sempre, nos faz companhia, nos compreende e nos preenche tantas vezes? Será inevitável comparar a vida que se tinha antes e depois de se estar com alguém, mas para mim isso é crescer, ceder e deixar de ser eu para passar a ser nós. E o balanço acaba por ser positivo.