terça-feira, setembro 25, 2007

terça-feira, setembro 11, 2007

Mas que admiração

Global Notícias esgota no primeiro dia de distribuição
Se pensarmos que a maior parte das pessoas aceita de bom grado um jornal à borla – já nem falo nos folhetos do Clix, dos cartões do mestre Chibanga ou dos panfletos da nova urbanização de Telheiras, porque destes o pessoal já está um pouco saturado – evitando assim ter de gastar menos de 1€ para comprar um, e que em Agosto a maior parte destes gratuitos deixou de ser distribuído, é de admirar que no início de Setembro, com o regresso de toda a gente ao trabalho, sedentos de informação, os stocks dos postos de distribuição do novo gratuito tivessem de ser reforçados. Mas há uma série de perguntas que se podem colocar, como por exemplo: onde é que estavam colocados estes postos de distribuição? Quantos exemplares estavam em cada um? A que horas começaram a ser distribuídos? Mas estas são apenas algumas questões para as quais nem são necessárias respostas, porque está de ver que foi por aquele laranjinha que as pessoas viram logo que era o Global Notícias e desataram a correr para o ardina como se não houvesse amanhã.

É um café de azeitona para a mesa do canto, sff

Como viciada em café que sou – Olá, em sou a Maria Francisca e tenho um problema com café -, e consumidora de azeitonas quando elas vêm na travessa, não consigo perceber o interesse de ter uma azeitona a saber a café. Que me desculpem os génios que se lembraram de tal façanha, mas sinceramente: para quê?

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segunda-feira, setembro 10, 2007

preguiçar*

O Portugal Diário publicou hoje uma notícia cujo título é ‘Dez maneiras de passar o tempo na net’, a que se segue a brilhante frase: ‘A preguiçar no horário de trabalho? Saiba o que pode fazer para se divertir’, como se houvesse alguém, seja em que área for, que não consiga arranjar como se entreter em vez de estar a trabalhar. Pensava que a silly season já tinha acabado…

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Escrever num blogue aparece em 6.º lugar

* ou a arte de não se fazer nada quando se devia estar a trabalhar. Como eu...

quinta-feira, setembro 06, 2007

Sempre tinhas razão

Foi com este pensamento que acordei, mas se há dias em que não me importava nada de não ter razão este é um deles. O Pavarotti morreu… e eu sabia, quando anunciaram o concerto em Lisboa, primeiro em Abril e depois em Setembro, que seria dos últimos espectáculos que o maior tenor do mundo daria e uma oportunidade única para o ver. E agora, acordo com a notícia da sua morte… que não tenha sofrido muito, pelo menos.

estudos...

Tem um emprego com longas jornadas de trabalho? Tem que trabalhar sobre pressão do tempo, com prazos não negociáveis? Tem demasiado esforço para fazer tudo bem? Não controla a sua rotina profissional? Tem menos de 32 anos e está a começar a carreira? Se respondeu sim à maioria das perguntas, é provável que tenha um emprego com demasiado stresse e, em consequência, o dobro do risco de sofrer de depressão e ansiedade.
A conclusão é de um estudo realizado por cientistas da Cambridge University Press, que a Única resolveu noticiar. Sim, respondi afirmativamente a quase todas as questões, mas há alternativa? Sem esforço consegue-se alguma coisa? Se souberem onde digam que eu mando já o currículo. Só não prometo a mesma dedicação e emprenho, não vá a entidade empregadora ter seguro de trabalho e ainda ver o seu prémio agravado por ter um trabalhador tão esforçado.

segunda-feira, setembro 03, 2007

Bem-vinda a Lisboa. Esta é a tua viagem*

Há uns anos, Alfama fazia parte da minha rotina diária. Felizmente por pouco tempo. Apesar de ter crescido numa localidade onde toda a gente me conhecia e de haver a típica rivalidade entre “nós” e a localidade vizinha - as raparigas daqui nem podiam namorar com os de lá, senão havia logo zaragata -, e talvez por isto, apesar da proximidade, não ter nada a ver com Lisboa, nunca entendi bem o espírito de bairrismo. Também talvez por isso, e por os locais se gostarem de meter com a miúda que vinha de fora e que trabalhava na galeria de arte, e até de atiçar os cães que durante o dia treinavam para à noite entrarem em lutas ilegais, nunca me senti parte daquele sítio. Cada dia que passava era um suplício, tornado mais tolerável pela caminhada. Primeiro a baixa lisboeta – sempre gostei de percorrer a Rua Augusta. Mais que as lojas, as pessoas, mesmo as que fazem inoportunos inquéritos, que por ali passam tornam a rua única e admirável – depois o eléctrico, qual turista no próprio país, e depois a subida pela calçada, qual Luísa, passando por alguns dos locais mais emblemáticos da cidade, até chegar ao destino.
E ali mesmo ao lado, quando tudo o resto não fazia sentido, mas com a teimosia a falar mais alto, uma história de altruísmo levada ao extremo. Uma vida a dois marcada pela promessa feita muitos anos antes: “antes morrer que dar-te trabalho”. Uma história que não esquecerei e que foi agora reavivada pela crónica de Inês Pedrosa, na Única desta semana, intitulada simplesmente Eduardo.
Consola-me saber que não sofreste. Que apenas adormeceste, ao lado da mulher que amavas, depois de mais um dia feliz. Sem incomodar ninguém – como era o teu timbre. Se me pedissem uma definição humana para a suavidade, eu dizia o teu nome. Eduardo Prado Coelho.
São estas as palavras que me transportam novamente para Alfama e para aquele casal, como eu um dia gostava de ser, que apesar dos 80 anos de idade, comemorados há tão pouco tempo, mantinham aquele brilho nos olhos que temos quando falamos dos que amamos, a admiração de cada dia juntos, de mais uma descoberta, mais uma surpresa, mais um carinho, …, e penso na “estranha” morte de Prado Coelho. Depois da doença, tão noticiada e acompanhada, uma morte não esperada, nem tão pouco explicada (tanto quanto sei) e as palavras “Consola-me saber que não sofreste. Que apenas adormeceste…” a ecoar-me na cabeça e a lembrar-me do dia em que cheguei e o Nuno me disse: ela morreu. A gripe que a acompanhara nos dias antes do aniversário dele fora alimentada pelo desejo de que tudo corresse bem, afinal era uma dupla comemoração: o seu aniversário e a inauguração da exposição. Com o peso da idade, as gripes não perdoam e são mais difíceis de curar, mas mais que os espirros, a febre ou o mal-estar, a promessa de que não dariam trabalho um ao outro e que teriam uma última noite de paz e tranquilidade, juntos. Haverá prova de amor maior?

* frase dita por Saramago a Pilar del Rio, sua actual mulher, na primeira vez que ela veio a Portugal.