quarta-feira, novembro 28, 2007

O Natal e as reuniões de família

Ontem estava a ver a Anatomia de Grey e era o Dia de Acção de Graças, em que a “Nazi” e a Meredith falavam do significado do dia e em que a Dr.ª Miranda Bailey dizia que tinham de dar graças porque nesta altura das festas havia muito mais depressões, porque as pessoas se juntavam por obrigação, embebedavam-se, perdiam a noção das coisas e faziam disparates que, muitas vezes, as levavam aos hospitais e, consequentemente, à sala de operações.
Numa perspectiva não médica e mais próxima da minha realidade, partilho deste deprimente estado que normalmente me assola nesta altura natalícia. Sempre me lembro de o Natal ser passado em casa dos meus pais, mas nunca houve a tradição do jantar de bacalhau com couves. A família reunia-se toda ao almoço de dia 25, depois de uma noite sem sabor, sem calor, em que se abriam as prendas umas atrás das outras sempre na esperança que a próxima fosse aquela que mais se assemelhasse ao que alguma vez sonhámos, e nos íamos deitar até ao dia em que o melhor momento era estrear roupa e nos juntávamos com os primos, que traziam mais umas prendinhas de obrigação. Quando comecei a namorar, comecei a ter o tradicional jantar em casa dos actuais padrinhos de casamento, com muita família, mas era a dele, e um monte de rostos que me eram familiares, mas que nada me diziam. No entanto, este foi um ritual de pouca dura, porque, como se costuma dizer: zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades, e acabei por ficar sem o jantar outra vez, até que nos últimos anos o faço sozinha em casa com o meu mais-que-tudo. Sim, é triste. Continua a não ter aquele quente nem aquele sentimento propício à época, mas pelo menos estou na minha casa, janto o que me apetece, não faço sala com ninguém, abro as prendas quando me apetecer e vou-me deitar sem esperar que o Pai Natal chegue. E é egoísta também, reconheço. Tem sido assim nos últimos anos e parece-me que é um hábito que se vai manter. Em alternativa, o Dia de Natal continua a ser aquela estopada, como se fosse mais um domingo em família, em que se bebem uns copos a mais, em que as discussões são inevitáveis e acabam sempre da mesma maneira: cada um para seu lado. É assim que vivo o Natal e é assim que tenho a certeza que não quero que os meus filhos o vivam.

A única prenda que me recordo ter amado foi a minha primeira bicicleta, uma BMX vermelha e amarela que os meus pais me ofereceram nos anos. Estava em plena cozinha do restaurante, tapada com um cortinado e nem a vi. Foi a puta (palavra escolhida a dedo tendo em conta a época de harmonia e fraternidade) da emoção quando a destapei.

4 comentários:

Eu disse...

às vezes aprendemos as coisas da pior maneira possível, mas também da maneira mais eficaz... pelo menos agora tens a oportunidade de realmente "viver" o natal como ele merece ser vivido, com o teu maridão e filhote, no verdadeiro espírito da época e fazendo destes dias um ritual familiar a sério. Só depende de ti!

andreia disse...

Partilho da tua falta de espirito para a "noite feliz", mas tenho a certeza que a tua está prestes a mudar! :)

Rafael disse...

O Natal tornou-se para mim uma obrigação, em vez de um prazer. Quando um dia viver sozinho, não vou pa lado nenhum, não como bacalhau nem couves nem nada do género. Vejo uns filmes que não tenham nada a ver com o Natal e janto comida de plástico.

Anónimo disse...

Porra, que vocês andam todos com umas putas de umas depressões que só me apetece é dar-vos uns abanões!
Eu tb não gosto da ode ao consumismo que a maior das nossas festas tomou e ando, inclusive, a tentar convencer a família a deixar de trocar prendas.
Enfim, o Natal não tem que ser esteriotipado, mas pode-se viver o dito espírito. Como quisermos, mas vivê-lo e ter muito gozo com isso.

JB