terça-feira, dezembro 07, 2010

Estamos sempre sozinhos

Não me recordo se foi a minha irmã que uma vez me disse isto, mas sei que na altura não liguei muito, até porque não me parecia que fizesse grande sentido. No entanto, um destes dias em que estava a ver um daqueles filmes de sábado à tarde, usaram a mesma frase e foi aí que percebi que, independentemente de sermos casados, namorados, termos amigos que são um pouco mais que isso, de partilharmos uma casa e até uma vida, no fim de tudo estamos sempre sozinhos. As decisões são sempre nossas, só nossas, mesmo que envolvam outras pessoas. Eventualmente temos um amigo que é como se estivéssemos a falar connosco próprios, mas que infelizmente e por muito que se diga que se está sempre ali, à distância de um telefone ou de um e-mail, não está. Porque há sempre momentos em que queríamos ajuda com alguma coisa ou partilhar o que nos vai na alma, mas esses momentos são meros segundos que mais parecem uma eternidade, e que com a mesma rapidez que nos assolam desaparecem, ou porque não faz sentido ligar à outra pessoa por aquela palermice ou porque entretanto a vida nos obriga a fazer outras coisas. Portanto, muito friamente, acho mesmo que estamos sempre, ou uma grande parte do tempo, sozinhos, por isso, porque não havemos de estar sozinhos com alguém que, mesmo que não nos complete sempre, nos faz companhia, nos compreende e nos preenche tantas vezes? Será inevitável comparar a vida que se tinha antes e depois de se estar com alguém, mas para mim isso é crescer, ceder e deixar de ser eu para passar a ser nós. E o balanço acaba por ser positivo.

2 comentários:

Anónimo disse...

E se virmos por este prisma: "estamos sempre acompanhados, mesmo quando estamos sozinhos".
É que aquilo que se chama uma decisão tomada a só é, na verdade, fruto da tua experiência de vida e essa contém todas as interacções que tiveste com o Outro.
Aliás, basta pensar que sem memória não haveria decisão. E a memória não um registo da nossa vivência com os outros?
Beijos grandes
JB

Anónimo disse...

Faltou um "é" na última frase. :)
"E a memória não é um registo da nossa vivência com os outros?"

JB