terça-feira, março 25, 2008

E porque sonhar faz bem…

… e ainda não se paga por isso, perante a notícia ‘Vencedor da lotaria volta a trabalhar no McDonalds para matar saudades’ dou por mim a responder àquela pergunta que tantas vezes nos fazem: se ganhasses a lotaria, o euromilhões ou o jackpot no Casino, o que farias? Em tempos, o meu mais-que-tudo dizia-me que até pagava casas aos amigos. Pois bem, eu duvido que aí chegasse – que me desculpem aqueles que estavam a contar com isso – e, em primeiro, saldava todas as minhas dívidas ao banco. Ainda ontem estivemos a ver e a prestação da casa, em pouco mais de quatro anos, aumentou mais de 200€. A seguir, e como essa é a única dívida que tenho (tirando o almoço de ontem), trocava os carros velhos por novos. Comprava um terreno à minha manuska e subsidiava-lhe a construção da casa. Para a minha cunhada, que ainda ontem teve a gentileza de me ligar a perguntar se nós queríamos as roupas que já não servem à minha sobrinha, levava 0, bola, rien. A sobrinha sim: um qualquer fundo de investimento mas sem os pais poderem mexer enquanto os tios fossem vivos. Os meus pais reformavam-se logo e passavam o resto das vidas a educar os netos e a viajar. Como a casa está paga, podia vir um carro novo para o pai e um chaço para a mãe andar a partir pela vizinhança. Aos nossos afilhados: um seguro de saúde vitalício para cada um, e já são cinco… Obviamente que os amigos mais chegados não seriam esquecidos e também seriam bafejados com a nossa sorte. Não sei como, mas num próximo sonho penso nisso. Isto tudo para chegar à bela conclusão que não deixaria de trabalhar. Onde estou actualmente sei que não terei saudades, mas tenho quase a certeza que não iria ficar em casa a gozar dos rendimentos. Viajar e aproveitar a filha que aí vem, e os outros cinco que assim também já podiam vir à vontade, montar o meu próprio negócio e não ter de me preocupar se já recebi o ordenado ou se posso comprar aquela mala que até nem me faz muita falta, essas sim seriam as minhas prioridades.

Para aqueles que vão ficar à espera que a sorte grande me bata à porta, fiquem a saber que nem jogo. Mas sonhar, sonho!

terça-feira, março 18, 2008

Queres ter positiva a inglês e matemática? Vai para NY*

Uma notícia no Sol dá conta que as crianças de Nova Iorque vão receber dinheiro por terem notas positivas na escola. Dizem eles que esta medida servirá para evitar que ganhem dinheiro ilegal nas ruas. Mas não será que se este tipo de incentivos começa quando as crianças têm entre oito e 11 anos, não fará com que elas nunca mais façam nada sem ser a troco de dinheiro? Já agora, não era suposto, para além de brincar, uma criança só andar na escola e, portanto, aprender e ter notas positivas?

Já aqui falei, não sei onde, mas creio ter falado, da diferença da educação escolar do meu tempo, ou do dos meus pais, e dos dias de hoje, em que parece se passou de um extremo para outro. Reguadas, puxões de orelha e vergastadas eram o que mais havia, enquanto agora nem uma palmada se pode dar. A caminharmos para esta situação nova-iorquina qualquer dia teremos as crianças a açoitar os professores, que serão obrigados a dar-lhes boa nota só para receberem uns trocos.

Notícia aqui

* e eu que nunca fui grande aluna a matemática e poderia ter aqui a oportunidade de estudar fora e transformar-me num ás...

sexta-feira, março 14, 2008

Nem Deus lhes abriu os olhos

Não sei se já o disse (este mês), mas irritam-me profundamente erros de português, sobretudo, quando aparecem em sítios como este.

Ainda ontem me dei ao trabalho de mandar um e-mail ao editor do Portugal Diário a dar conta de erros de falta de revisão em cinco notícias, e havia mais...

Irrita-me isto! Uma pessoa aqui a querer fazer carreira como revisora e ninguém vê.

terça-feira, março 11, 2008

O destino*

Dois leões fugiram do Jardim Zoológico. Na fuga, cada um tomou um rumo diferente. Um dos leões foi para as matas e o outro foi para o centro da cidade. Procuraram os leões por todo o lado, mas ninguém os encontrou.
Depois de um mês, para surpresa geral, o leão que voltou foi justamente o que fugira para as matas. Voltou magro, faminto, alquebrado. Assim, o leão foi reconduzido à sua jaula.
Passaram-se oito meses e ninguém mais se lembrou do leão que fugira para o centro da cidade quando, um dia, o bicho foi recapturado. E voltou ao Jardim Zoológico, gordo, sadio, vendendo saúde.
Mal ficaram juntos de novo, o leão que fugira para a floresta perguntou ao colega:
- Como é que conseguiste ficar na cidade esse tempo todo e ainda voltar com saúde? Eu, que fugi para a mata, tive que voltar, porque quase não encontrava o que comer...
O outro leão então explicou:
- Enchi-me de coragem e fui esconder-me numa repartição pública. Cada dia comia um funcionário e ninguém dava por falta dele.
- E por que voltaste então para cá? Tinham-se acabado os funcionários?
- Nada disso. Funcionário público é coisa que nunca se acaba. É que eu cometi um erro gravíssimo. Já tinha comido o director-geral, dois superintendentes, cinco adjuntos, três coordenadores, dez assessores, doze chefes de secção, quinze chefes de divisão, várias secretárias, dezenas de funcionários e ninguém deu por falta deles! Mas, no dia em que comi o desgraçado que servia o cafezinho estraguei tudo!

* ou a vontade de querer acreditar que há dias em que tudo faz sentido e que não podia encontrar palavras mais “sábias”

segunda-feira, março 10, 2008

TMN patrocina novo formato de Big Brother

Irrita-me pagar contas em lojas, restaurantes e afins com o Multibanco. Porquê? Mania da perseguição, talvez, mas não gosto que os senhores do banco conheçam os meus hábitos tão bem quanto eu. Prefiro levantar dinheiro e pagar as contas em notinha!
Agora, como se este fado que me persegue quase diariamente, não fosse eu esquecer-me constantemente de passar na caixa a levantar a notinha, não bastasse, também a TMN anda a fazer das suas, conseguindo a proeza de me irritar profundamente com os seus serviços inovadores.
Então não é que agora quando tentamos ligar para outro TMN que está desligado, quando o mesmo volta a estar operacional, recebemos um sms a dizer que o número que tentámos contactar já está acessível e para ligarmos só precisamos carregar no ok? Chamam-lhe eles: serviço Contacto Disponível, mas a mim soa-me mais a Controle-quem-você-quiser-a-qualquer-momento-do-dia-e-da-noite.

Um doce

O tempo não condiz, mas a verdade é que, apesar de se poder tornar irritante, esta música me anima.

quarta-feira, março 05, 2008

Depois da solidão, a morte

“O que Jesus deixou de melhor no Mundo foi a morte, porque vai o rico e o vai o pobre.”

Mariazinha das Sócias, vendedora de legumes no Bolhão, em entrevista à Única de 1 de Março.

Estação do Pinhão vira museu

Ao ler esta notícia no jornal Meia Hora é inevitável lembrar a última vez que por ali passei. Dois anos depois de termos pernoitado na zona, em plena encosta do Douro, num sítio onde o nevoeiro matinal se misturava com as nuvens e não nos deixava ver a terra que acordava lá em baixo, transportando-nos como que para um sonho, regressámos ao café mesmo em frente à estação do comboio. Vinho do Porto caseiro, era essa a nossa busca, mas uma visita pela estação para tentar descobrir como fazer os tradicionais passeios pelo rio levou-nos à conversa com um velhote que dizia trocar todas as suas terras pela nossa idade e jovialidade. Entre dois dedos de conversa, que acabaram por ser muitos mais, ficámos a saber quase toda a história da sua vida. Um velhote que, claramente, passa os dias na estação à espera dos amigos do dia-a-dia ou dos turistas com quem aproveita para meter conversa. É dos sentimentos que mais me assustam, mais até que a morte. Viver uma vida em função dos outros e do trabalho, sempre em busca de algo que nos preencha os dias ou que nos permita ter aquele estatuto ou aquela profissão que sempre sonhámos, para depois passarmos a velhice sem ninguém com quem conversar ou, simplesmente, ficar em silêncio a recordar memórias de outros tempos. Ficámos ainda a saber que um dos painéis de azulejos da estação tem a particularidade de ter um azulejo colocado de pernas para o ar, mas só mesmo quem lá vive e vive das histórias com que poderá “roubar” o tempo e a atenção de quem por lá passa é que pode saber estas histórias que acabam por se perder no tempo, algo que todos os dias pedimos para esticar e quando chegamos a velhos só queremos que passe depressa.

segunda-feira, março 03, 2008

Broche de pino

Para quem como eu, que não sou grande apreciadora de poesia e tenho uma grande falha a nível de literatura portuguesa, não conhece a vida e obra de Luiz Pacheco, editor, escritor e revisor, entre tantos outros empregos, falecido no início deste ano, sugiro a leitura da última entrevista que deu ao Sol, onde se podem ler pérolas como estas:

«Com a Maria do Carmo tive dois filhos. Ela levou-me à Macieira, à Sertã. Cheguei lá, conheci a irmã [a menor Maria Irene], ‘Espera aí que esta não escapa’. Não escapou. A Maria do Carmo veio-se embora para Lisboa com a nossa filha, deixou-me lá com o outro pequeno e eu forniquei a irmã, que ficou grávida. Vim para Lisboa e, mais tarde, vivi com as duas no mesmo quarto.»

«Convenhamos que, ao longo da vida, o Luiz Pacheco também não se tratou muito bem.
Não, tratei-me! Fui conservado em álcool. A questão é que não havia dinheiro para grandes rambóias. Não estou taralhoco de todo. Estou é um bocadinho desmemoriado e tomo muitos medicamentos.
»

A entrevista na íntegra está aqui.