sexta-feira, agosto 17, 2007

O peso das palavras

A sensação não é inédita, mas a estranheza que me provoca continua a deixar marcas. E marcas daquelas que ficam gravadas na pedra, e não na areia. O reviver um passado tão presente, mas ao mesmo tempo esquecido nos arquivos já cheios de pó e de outras recordações que se sobrepõem. A noção de que as palavras às vezes podem mesmo magoar, quando a sua função primária era tão simplesmente evitar que os momentos dignos de registo, se é que não o são todos, cada um à sua maneira, fossem esquecidos. E perceber que às vezes ficam gravadas, qual ferro em brasa para marcar o gado que é nosso, naqueles que nos tocam e que para nós, estando ali naquele suposto lugar seguro, são assuntos resolvidos.

Sentir de novo
Aquela dor
A pouco a pouco respirar
Aquele amor que foi
Vivido e esquecido
Em segredo
Como ninguém

Perdoar
Como perdoar
Há tanto tempo que eu queria mudar
Queria voltar
Acordar
Deixar o dia passar devagar
Assim ficar

Sentir de novo
Aquele amor
A pouco a pouco consolar
Aquela dor que foi sentida e sofrida
Em silêncio

Chegar de novo
Sentir o amor
Voltar a casa sem pensar
Deixar a luz entrar
Esquecer aquela mágoa
Sem ter medo
Como ninguém

Encontrar
Poder encontrar
Todas as coisas que eu não soube dar
Saber amar
Perdoar
Saber perdoar
Há tanto tempo que eu queria mudar
Queria voltar
Aceitar
Deixar que o tempo te faça voltar
Saber esperar
"A Casa", Rodrigo Leão

1 comentário:

Rafael disse...

diz um qualquer fado:

"As coisas vulgares que há na vida,
não deixam saudade...
Só as lembranças que doem,
não fazem sorrir.
Há gente que fica na história,
na história d'agente,
e outras de quem nem o nome lembramos ouvir.

São emoções que dão vida à saudade que traz,
Aquelas que tive contigo e acabei... por perder.
Há dias que marcam a alma e a vida d'agente... e o dia em que tu me deixas-te, não posso esquecer..."

"A chuva", Marisa (acho eu).