quarta-feira, agosto 29, 2007

Absurdos

Na revista Sábado da semana passada vem uma curta com algumas leis absurdas que, eventualmente, numa certa época faziam sentido, mas que entretanto, qual justiça portuguesa a funcionar, não foram revistas, mantendo-se em vigor até hoje.
Entre elas o facto de no Kentucky ser proibido esconder uma arma com 1,80m de comprimento - e esconder onde? Debaixo da gabardina? Do assento do carro para estar sempre à mão? -; outra, já no Reino Unido que diz que é legal matar um escocês se ele tiver arco e flecha – mas será todo o ano ou só no Carnaval? -; outra que diz que em São Salvador os condutores bêbados podem ser fuzilados – não dá para fazer a coisa por menos? -; e, por fim, a minha preferida que diz que na Indonésia a masturbação é punida com decapitação – e decapita-se qual membro? E o acto em si, é só se for na rua ou em casa, no conforto do lar, também se aplica? E se for outra pessoa a fazer o servicinho, quem é que é decapitado?

segunda-feira, agosto 27, 2007

Falemos de Miosótis

Ontem, Prado Coelho. Hoje, Alberto de Lacerda. Quase parece o dia em que morreram Antonioni e Bergman, ou aquelas alturas, sobretudo no fim do Inverno início da Primavera, em que parece que os avós começam a morrer em debandada. Não gosto de poesia. É a frase que costumo utilizar para me referir ao género, mas a verdade é que não conheço e também não faço por isso. Mas também é verdade que, cada vez mais, me esforço por conhecer, porque acho que só assim posso dar uma opinião real, com conhecimento de causa.
E hoje, a propósito da morte do poeta Alberto de Lacerda, o jornal Público publicou alguns dos seus versos, dos quais destaco este que adorei. O título é Falemos de Miosótis e diz assim:
Visto que Você não quer que as coisas continuem
Assim
Nesse caso
Falemos de miosótis
Flor sobre a qual não sabemos
Nada

Vou acrescentar este senhor à lista dos autores a comprar.

sábado, agosto 25, 2007

Zinédine Zidane, O Santo

Foi escolhido três vezes como melhor jogador do mundo pela FIFA e uma vez como melhor jogador da Europa, entre outras distinções. Não sendo uma fervorosa adepta de futebol, parece-me que estas distinções e prémios não valerão apenas pelo que se faz dentro das quatro linhas, que outros valores como carácter, personalidade, companheirismo, fair play, ..., também serão tidos em conta. Por isso, não escondo o pasmo que a cabeçada que Zidane deu em Materazzi, na final do Mundial de Futebol na Alemanha no ano passado, me provocou. Já o acto em si, atitude que considero muito pouco digna por parte de alguém que é tido como um exemplo em todo o mundo, deixa muito a desejar em relação ao senhor e aos seus valores, mas agora que Materazzi revelou as palavras que fizeram com que levasse aquela cabeçada monumental já nem sei o que diga. Quando Zidane, que ainda por cima estava a disputar o último jogo da sua carreira, ofereceu a camisola a Materazzi, este respondeu-lhe “prefiro a puta da tua irmã”, ao que Zidane, conhecido ainda por promover a tolerância racial e religiosa, especialmente entre os jovens, respondeu à cabeçada. Escusado será ainda dizer que ao longo dos seus mais de 20 anos de carreira como futebolista profissional, Zidane nunca terá insultado adversários, nem árbitros. Aliás, até é difícil compreender como alguém tão virtuoso sabe o que significa a palavra puta. Mas isto sou eu que não percebo a essência do futebol e que acredito que as coisas se podem resolver a conversar. Vivo mesmo numa utopia.

segunda-feira, agosto 20, 2007

Velharias

A escada é velha, não tão velha quanto a que nos levou a outras das mais antigas associações de Lisboa. O edifício é igualmente velho, mas também não tão velho quanto as gentes que por ali passaram e que têm tantas histórias para contar. Em frente, o Animatógrafo, com a sua emblemática fachada a transmitir mensagens subliminares: entra, entra… as cortinas de vermelho sangue a esconder o que se quer íntimo, ou vivido numa noite de rambóia com os amigos.
Ao cimo da escada um velho salão a fazer-me viajar até um baile dos anos 60, onde ainda se dançava agarrado, mas àquela distância necessária para manter os limites do pudor da altura. Da mesma altura em que as escapadelas chegadas aos ouvidos das matriarcas faziam com o que o branco dos vestidos de noiva fosse substituído por um incriminatório cinzento. E mesmo ali ao lado, como se não fizesse parte deste filme, a cadeira do barbeiro, tapada por umas cortinas brancas. O pincel gasto do uso, a cabeceira roçada, o espelho a acusar a idade e ao fundo o pedido: barba e cabelo, se faz favor. Seguindo em frente, dois ou três degraus levam-nos a outro patamar, mas a mesa de snooker está coberta e os quadros empoeirados. Afinal, quem por ali ainda passa vai jogar às cartas ou ao dominó, ou partilhar com os amigos histórias que já foram contadas um cento de vezes, mas que ajudam a passar o tempo e a recordar aquilo que fez de nós o que somos hoje. Da mesa à varanda são meia dúzia de passos e daí até o olhar se prender na paisagem única, de fazer esquecer que estamos no meio da capital, é só mesmo um despertar de atenção, chamado por aquele olho que vê tudo pelo canto. Das fotografias que mais gostava, e invejo, ter tirado foi naquela fria varanda de pedra. Apreciar a Praça pelos olhos de quem conhece a cidade como a palma das suas mãos, como tantas vezes diz orgulhosamente, e tantas pessoas ali mesmo ao lado sem terem ideia do que estava em jogo.
E eu que nunca tinha passado aquele arco, que faz esquina com a ourivesaria onde em tempos o único James Bond que se casou, comprou o anel de noivado; nem sabia que o Animatógrafo estava mesmo ali à distância da timidez de um passo, agarrado pelo braço de quem não aconselha; e um pouco mais abaixo, já na Rua de São Julião, a igreja de Maria Madalena que, reza a lenda, foi palco de um milagre de amor, e mal se dá por ela quando passamos apressados entre as compras, o almoço ou a ida para casa. E tanto por descobrir nesta cidade tão linda, cujas “lendas” e espaços emblemáticos teimam em ser esquecidos e deixados ao abandono, como é agora o caso do Grémio Lisbonense que por desavenças entre senhorios e inquilinos tem uma ordem de despejo. É pena.


Notícia aqui

À falta de fotografia do Grémio, a da Igreja de Maria Madalena

sexta-feira, agosto 17, 2007

O peso das palavras

A sensação não é inédita, mas a estranheza que me provoca continua a deixar marcas. E marcas daquelas que ficam gravadas na pedra, e não na areia. O reviver um passado tão presente, mas ao mesmo tempo esquecido nos arquivos já cheios de pó e de outras recordações que se sobrepõem. A noção de que as palavras às vezes podem mesmo magoar, quando a sua função primária era tão simplesmente evitar que os momentos dignos de registo, se é que não o são todos, cada um à sua maneira, fossem esquecidos. E perceber que às vezes ficam gravadas, qual ferro em brasa para marcar o gado que é nosso, naqueles que nos tocam e que para nós, estando ali naquele suposto lugar seguro, são assuntos resolvidos.

Sentir de novo
Aquela dor
A pouco a pouco respirar
Aquele amor que foi
Vivido e esquecido
Em segredo
Como ninguém

Perdoar
Como perdoar
Há tanto tempo que eu queria mudar
Queria voltar
Acordar
Deixar o dia passar devagar
Assim ficar

Sentir de novo
Aquele amor
A pouco a pouco consolar
Aquela dor que foi sentida e sofrida
Em silêncio

Chegar de novo
Sentir o amor
Voltar a casa sem pensar
Deixar a luz entrar
Esquecer aquela mágoa
Sem ter medo
Como ninguém

Encontrar
Poder encontrar
Todas as coisas que eu não soube dar
Saber amar
Perdoar
Saber perdoar
Há tanto tempo que eu queria mudar
Queria voltar
Aceitar
Deixar que o tempo te faça voltar
Saber esperar
"A Casa", Rodrigo Leão

terça-feira, agosto 14, 2007

Depois da vergonha, a inteligência

Realmente, depois de contar aqui um episódio menos brilhante da minha vida, eis que faço um teste que vinha na revista Sábado da passada semana e vejo que o meu tipo de inteligência predominante é a interpessoal (80%), seguida da intrapessoal e da verbal-linguística, ambas com 75%. Pois bem, quem se destaca nestas áreas? Belmiro de Azevedo, JK Rowling e Marcelo Rebelo de Sousa, respectivamente. E é por estas e por outras que cada vez mais me convenço que sou um talento por descobrir.

segunda-feira, agosto 13, 2007

Vergonha é roubar e não conseguir fugir

O Diário de Notícias de hoje tem uma notícia cujo título é: 'Vergonha de pedir para sair resultou em golo e troféu', a propósito do golo de Izmailov no sábado passado, frente ao Porto, para a Supertaça.
Eu, das vezes que me lembro de ter tido vergonha, e que me serviu para alguma coisa, foi na primária. A professora era a D. Aurélia, conhecida pelas reguadas que nos dava, e eu, depois de ter sido apanhada na conversa com outra, a pensar já no que me ia acontecer a seguir, deixei-me estar quietinha, aflita para ir à casa de banho, sem pedir. Conclusão: xixi no lugar e direito a ir directamente para casa, sem passar na casa de partida. Pelo menos safei-me das aulas nesse dia ;)

Notícia aqui.

sexta-feira, agosto 10, 2007

Different places

O senhor até é alemão, mas é sobretudo por estes ritmos e esta alegria de viver que: vou para a Jamaica!

quarta-feira, agosto 08, 2007

Home sweet home

Há uns anos, e num espaço de tempo muito próximo, soube que a minha mãe tinha cancro da mama, que o meu namorado (agora marido) estava em risco de ficar paraplégico e que o meu pai tinha de ser operado ao coração o mais rápido possível, correndo o risco de morrer a qualquer momento. E dou por mim a pensar que de um momento para o outro tudo se pode desmoronar e ficar sem aqueles que dão significado à minha vida. Consciente ou inconscientemente, e independentemente de não dever ser assim, a verdade é que as pegas com a minha mãe, os amuos de namorados, as turras com o pai, passaram a ser bem menos constantes e só de pensar que amanhã posso não os ter me faz repensar cada palavra mais exaltada que nas mais diversas ocasiões me apetece disparar boca fora.
E agora vejo que a mãe daquela jovem austríaca que foi raptada por um vizinho e esteve fechada na cave do senhor durante mais de oito anos, lançou um livro em homenagem à filha. Atitude bonita sim senhor. Não fosse a senhora, cujo livro se chama Anos Desesperados: A minha vida sem Natascha, ter dito em conferência de imprensa que mantém "um bom contacto" com a filha, embora de forma menos regular do que no início, já que a Natascha tem o seu próprio apartamento. Hã? "Não quero incomodá-la", ainda se justificou a mãe que ficou muito abalada porque no dia em que a filha desapareceu se tinham zangado de manhã e nem tinham dado um beijo de despedida. Ou sou eu que tenho uma visão muito deturpada do peso e valor que tem a família ou não sei, mas acho que não é assim que se recupera de oito anos de sofrimento.

A notícia aqui.

Feeling not good

Nos últimos tempos, este meu cantinho mais parece uma jukebox, mas a verdade é que, tal como diz a música dos Mesa 'enquanto a música não me acalmar, não vou descer, não vou enfrentar...' - e continua a ser inevitável falar de música - isto é o que se pode arranjar. Portantosssss, fica o vídeo do momento.

sexta-feira, agosto 03, 2007

Dependência

Mais uma ironia fabulosa

Tentei deixar de beber tanto café, mas não consegui.
Por isso, acho que vou ficar pelo meio-termo.

Mais aqui!

quarta-feira, agosto 01, 2007

Quando não há palavras, resta-me a música...

Se eu voar, sem saber onde vou...
Se eu andar, sem conhecer quem sou...
se eu falar, e a voz soar com a manhã
Eu sei... ei ei ei

Se eu beber dessa luz que apaga a noite em mim,
E se um dia eu disser que já não quero estar aqui
Só Deus sabe o que virá,
Só Deus sabe o que será,
Não há outro que conhece tudo o que acontece em mim!

Se a tristeza é mais profunda que a dor..
Se este dia já não tem sabor...
E no pensar que tudo isto já pensei...
Eu sei... ei ei ei

Se eu beber dessa luz que apaga a noite em mim,
E se um dia eu disser que já não quero estar aqui,
na incerteza de saber o que fazer, o que querer,
Mesmo sem nunca pensar, que um dia vais pensar...
Não há outro que conhece tudo o que acontece em mim...!
"Eu Sei", Sara Tavares

A história de Juan Mann

Reza a história que Juan Mann era um homem estranho, que ficava parado no Pitt Street Mall, em Sidney, na Austrália, a oferecer abraços às pessoas que passavam por ele na rua. Certo dia, ofereceu um abraço a Shimon Moore, o líder da banda Sick Puppies e, desde então, tornaram-se bons amigos.
Passados uns tempos Moore decidiu gravar o Mann em plena campanha por "Free Hugs". Mas, à medida que o Free Hugs atingia proporções maiores, tentaram acabar com a campanha na cidade. Então, Mann e os seus amigos fizeram uma petição com mais de 10.000 nomes apoiando a campanha do abraço de graça.
Quando Mann morreu, Moore mixou um vídeo que tinha feito do Free Hugs com a música “All the Same”, da sua banda. O filme… vejam, ou revejam.

Às vezes um abraço é mesmo o que precisamos e não custa nada. É só um gesto!