sábado, maio 20, 2006

Pretty Woman

Ontem, a caminho de casa, e a querer fugir à habitual confusão de sexta-feira ao fim do dia, resolvi vir por um caminho alternativo que normalmente escolho dependendo das horas a que saio. Faço alguns km a mais, mais curvas, passo por dentro de localidades, mas, regra geral, é uma boa opção. Entre estas curvas e uma localidade e outra, chama-me a atenção uma senhora à beira da estrada, àquela hora muito movimentada. Não me lembro de ver ali pessoas noutras alturas. Em frente estão umas bombas de gasolina e a seguir é uma zona empresarial. Não sei porquê, mas ocorre-me à ideia de que a senhora deve ser uma prostituta. Penso nas situações extremas que levam as pessoas a escolher, se é que existe uma escolha possível, os caminhos mais tortuosos para conseguirem viver, ou sobreviver, assim. Penso que algumas há que devem ter prazer naquilo que fazem, mas deve ser uma percentagem mínima e não me parece que essas andem pelas bermas. Tento olhar para a sua cara, perscrutar algo no olhar, mas parece-me que mesmo não vendo, o sofrimento está presente em cada passo que dá, mas que disfarça com um abanar de anca e um sorriso discreto que faz cada vez que olha para mais um carro que passa. Definitavemente, esta não deve ser uma vida de sonho e dar o primeiro passo para sair da cama a cada raiar do dia deve ser um acto de verdadeira coragem. Continua-me a fazer confusão porque é alguém escolhe por este caminho, mas já diz o ditado “quem está dentro do convento é que sabe o que vai lá dentro” e quero acreditar que, às vezes, não há mesmo alternativa.

1 comentário:

Rafael disse...

também acredito que por vezes, não existem grandes alternativas. É o instinto de sobrevivência, tão bem patente em todos os seres deste planeta.

já deves ter visto o ultimo post. Este é o novo blog:

http://coisas-que-penso.blogspot.com/

Em breve revelarei o mistério da rotura dos ligamentos.lol

bjs**