segunda-feira, agosto 28, 2006

Vicissitudes

Vinha a descer a rua, depois de um melancólico dia de trabalho (e ainda agora começou a semana que vai ter, no mínimo, 12 dias), e mesmo antes dos semáforos, que teimam em estar vermelhos à minha passagem, porque sabem que desde que apanhei duas multas de velocidade não passo nos sinais laranja a puxar para o tinto, reparo num carro, em sentido contrário, cuja velocidade era facilmente ultrapassável por uma criança a gatinhar, e nos seus ocupantes. Era o Sousa Veloso. E, de repente, aquela imagem mental do TV Rural e das suas patilhas. Nem a velhice lhe mudou as feições, reconhecíveis à distância. E eis que me vem a memória um programa, provavelmente da BBC ou de outro canal do género, em que mostravam as alterações que o corpo vai sofrendo à medida que envelhecemos e uma das alterações que me recordo melhor era o facto de as orelhas continuarem a crescer. Não me perguntem porquê, mas naquele momento só reparei nas orelhas do senhor e lembrei-me do meu avô, cujas orelhas também continuaram a crescer e que são uma das partes que melhor recordo porque passava a vida a puxá-las. Lembro-me das mãos de toupeira que religiosamente cortava, mas não era uma qualquer, havia ali alguma "ciência", porque as tradições (ou superstições?) têm destas coisas, e que todos nós fomos guardando (eu guardava a minha na carteira e ainda há quem se lembre disso), até que um dia o stock acabou e agora já não há quem apanhe toupeiras...

quinta-feira, agosto 24, 2006

Coitadinho do Plutão

Ao que parece, o Plutão andou a enganar-nos a todos durante anos e anos. Pensava-se que era um planeta, mas afinal, devido às suas dimensões – é mais pequeno que a Lua – e por ser diferente dos demais, vai deixar de pertencer a esta classe. E só me lembro da lengalenga que aprendemos na escola: Mercúrio, Vénus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urânio, Neptuno e Plutão, que sabíamos de trás para a frente sem nos enganarmos. Reis, rios e afins, nunca fui muito boa a decorar, mas esta é daquelas mnemónicas (será que se pode considerar mnemónica?) que não esqueço.

E por falar nos tempos de escola, lembro-me de aprender uma canção para decorar um verbo em francês, que também adoro!

je suis
tu es
il est
à la classe de français
nous sommes
vous etes
ils sont
attentive à lá leçon


E pronto, foi o momento nostálgico do dia… só espero não me ter enganado no francês ;0)

Notícia do Plutão excêntrico aqui.

quarta-feira, agosto 23, 2006

terça-feira, agosto 22, 2006

23:23

Tenho algum fascínio por certos números e este é um desses casos. Gosto de me deitar e ver que o despertador marca 23:23, gosto de estar sentada no sofá e ver que o descodificador marca 23:23, gosto de chegar a casa e ver que o relógio do carro marca 23:23.
Não sei porquê, mas acho mesmo piada a esta sequência de números!

sexta-feira, agosto 18, 2006

É aqui a secção de perdidos e achados?

Ao passar os olhos pelos jornais nacionais deparo-me com uma notícia que fala do refugo dos CTT, uma espécie de perdidos e achados, onde se pode encontrar desde presuntos (quem é que envia um presunto pelo correio?), vibradores, pneus de camião (esta então ainda me parece mais incrível que a do presunto), pregos, alianças (nada como o amor à distância!), medicamentos, bicicletas até sacos para cadáveres (o quê? – sim, vou só ali assassinar o meu vizinho e não tenho sacos próprios para depois o acondicionar antes de cortar às postas e colocar na arca frigorífica, será que me pode enviar uns?).
Ainda assim, dou por mim a pensar o quão fascinante poderá ser, mas isto também pode ser o meu lado coscuvilheira a falar. Encontrar os objectos mais disparatados, fotografias, cartas e, qual Amélie Poulain (também fazia brincos com as cerejas e também adoro deitar-me numa cama acabada de fazer), tentar descobrir o saudoso dono para lhes fazer chegar os seus pertences.
Lembro-me de, há cerca de 4 anos, a minha mãe ter encontrado uns rolos fotográficos num sítio, daqueles turísticos mas isolados, onde foi. Como não viu ninguém, resolveu trazê-los e revelá-los. Escolhemos algumas fotos e elaborámos um e-mail que iria funcionar quase como spam, numa tentativa vã de encontrar os seus donos. Eu, que já me armei em especialista em máquinas fotográficas e consegui apagar todas as fotos do dia do casamento de um dos nossos primos e melhores amigos, sei o que é ficar sem aquelas fotos para mais tarde recordar, sei a frustração que se sente… e gostava mesmo de andar entre perdidos e achados a vasculhar tudo, a tentar encontrar pistas para chegar aos donos!

Notícia aqui.

Já ou ainda?

Até há bem pouco tempo (e à medida que escrevo isto, acompanha-me a sensação de que já não é novidade, que já o disse, talvez aqui ou não, mas pode ser por ser hoje) a sexta-feira era aquele dia da semana mais especial, O preferido, em que a boa disposição era constante. De outros tempos ainda havia explicação – era quando estava sozinha em casa. Mas até isso são águas passadas e agora não consigo perceber este estado que me invade sempre ao último dia útil para se responder às cartas registadas.
Descubro que ela tem um blog e tremo. Tenho de a avisar! Ou não. Não sei o que fazer e vou para o meu canto com o ar mais despercebido que consigo, enquanto as memórias se reavivam. Pode ser que não seja nada por aí além.
Descubro que não lido bem com pessoas mal criadas e mal agradecidas e os assuntos pendentes começam a fazer mossa nas reacções. Enquanto vou à casa de banho penso que preciso de um cigarro, e eu nem fumo, e dou por mim a pensar que estou a ter atitudes que tão bem identifico nos Gémeos, e eu não sou assim. Estou cansada…

quarta-feira, agosto 16, 2006

Amanhã ele não vai trabalhar

Este gajo, entenda-se, o doidinho mais alucinado que conheço, amanhã não vai trabalhar. Business diz ele e, enquanto diz isso, manda um e-mail para os colegas a avisar que não vai.

Ora vejam e depois digam-me se ele não é louco!
Amanhã não venho

Afinal isto não é uma democracia?

Pela 2.ª vez no mesmo dia, dou por mim a evitar escrever e não gosto nada desta sensação de censura que me acompanha há já uns tempos.

sexta-feira, agosto 11, 2006

Se não for pedir muito

Ao ver uma daquelas apresentações em powerpoint, com fotos que penso que nunca serei capaz de captar, chego a uma com uma rosa preta. Nunca gostei de rosas. Aliás, se há coisa que escusam de me oferecer são flores. Não gosto e as evidências já provaram que não vale a pena tentarem ser mais fortes do que eu, porque as plantas lá em casa morrem todas. E as que não chegam a morrer é porque são entregues ao cuidado de alguém antes disso. As flores são para estar no jardim e não em jarras lá em casa! Mas eis que me surge uma ideia completamente fora do contexto: quando morrer, se na altura ainda houver o hábito de se presentear os mortos com os tradicionais ramos de flores, se alguém se lembrar disso, então que me ofereçam rosas negras. A sua beleza condiz com a vida que quero ter deixado para trás. "Não chores porque acabou, sorri porque aconteceu!"

E agora vou-me embora para um merecido fim-de-semana prolongado. Um grande beijinho!

A minha é maior que a tua!

Há coisas que, por mais estranhas que sejam, não me fazem confusão, mas há outras, supostamente banais, que já me fazem uma confusão dos diabos. Porque raio é que as mulheres quando vão experimentar lingerie levam os respectivos atrás? Consigo perceber que quando se trata de roupa para usar no dia-a-dia, uma opinião a mais dá sempre jeito e saímos sempre de lá mais confiantes e contentes com a escolha. Mas a nível de roupa interior não consigo mesmo perceber… para além de estarem lá eles feitos paspalhos à espera enquanto experimentamos esta e aquela cor, um modelito mais cavado, outro para aqueles dias especiais, …, há outras mulheres – como eu – que não acham piada nenhuma ter lá os senhores sentados a olhar para os provadores na esperança que venha uma rabanada de vento para levantar a cortina. Sim, porque eu sou uma moçoila recatada. Já para não falar no efeito surpresa… cadê? Chega um homem a casa, cansado de mais um dia de trabalho e não há novidade nenhuma… minhas senhoras, sejam auto-suficientes!

título feito a pensar no mito (ou não...) de que quando os homens vão ao WC gostam de comparar tamanhos. as senhoras às vezes, muitas vezes até, também são assim, mas em todas as situações!

quinta-feira, agosto 10, 2006

Conquilhas

Venham elas! À falta disso, também podem ser uns berbigões, uns camarões, uma lagostinha, uma sapateira com o belo do molho para pôr nas tostas ou, tão simplesmente, uma Sopa Rica do Mar que se come em Ribamar e é a mais deliciosa de sempre!

terça-feira, agosto 08, 2006

O n.º 26

Esta manhã passei pela Av. da República. Inevitavelmente, parei mesmo em frente ao n.º 26, de onde tenho tantas recordações. Agora está novamente vazio, o pó acumula-se nas janelas e falta-lhe o brilho com que o via em cada dia que entrava por aquela porta castanha espelhada. A paragem era no 3.º andar (se bem me recordo - eu e mais dois!). Lembro-me da 1.ª vez que ali entrei, da entrevista com o mestre das barbas, do aniversário da Joana comemorado com um bolo de chocolate, em que tentei encostar-me a um canto, na esperança de que ninguém se metesse comigo, das idas à copa, dos almoços na pastelaria que dias antes tinha sido “atacada” por um emigrante, do café da esquina onde comia os melhores folhados, da Versailles onde, uma vez, cometemos a loucura de tomar o pequeno-almoço, das idas ao centro comercial à hora de almoço, das muitas idas ao Mac’Donalds, das muitas idas à Pans, da corrida de cadeiras à hora de almoço (esta não assisti, mas está nos anais da história), dos engravatados que teciam comentários piores que o pior dos trolhas, de apesar das diferenças conseguirmos, uns mais que outros, trabalhar em equipa, de sermos chamados ao mais alto piso para conhecermos o novo administrador, e entrarmos numa sala que parecia saída de um filme, de passear pelos quarteirões vizinhos e parar em frente ao ex-Cappucino e ficar a saber que provavelmente tinha de prosseguir a minha vida noutro local, de encaixotar os bonecos do Happy Meal que decoravam o topo do móvel e onde tantas vezes nos divertimos a fazer as posições mais estranhas com bonecos da Disney. Não me lembro do último dia. Lembro-me de regressar, passados dois meses, às novas instalações, mas não me lembro do último dia ali. Pelo menos, ficaram as boas recordações, o tanto que aprendi e as amizades!

E é nestas alturas que o telefone toca sempre...

quinta-feira, agosto 03, 2006

Jorge de Brito (1928-2006)

Apesar de benfiquista, não me lembro deste senhor enquanto presidente do SLB, daí a curiosidade de saber um pouco mais.

Gostei de ler!
O bancário que se tornou banqueiro

Arrumos

À falta do que fazer e com vontade de mudar alguma coisa, decido ir apagando alguns (a maior parte) blog's que estão religiosamente na pasta n.º1 dos meus Favoritos.
À falta do que fazer e com vontade de mudar alguma coisa, vou espreitando os links dos outrora meus favoritos e renovando a listagem. Preciso de novas leituras, novos formatos, novas caras.
Vamos ver quanto tempo vai demorar até voltar a ter mesma lista.

quarta-feira, agosto 02, 2006

Gosto tanto, mas tanto...

Se há coisa que me irrita solenemente é receber e-mails de pessoas que não conheço de lado nenhum, mas não estou a falar de spam. Estou a falar de pessoas que apanham o meu e-mail noutros e-mails (aqui também tem culpa quem envia e-mails com os destinatários visíveis) e que, por isso, se julgam no direito de me mandar e-mails sobre assuntos que não interessam nem ao menino Jesus.
A situação já não é inédita. A mais caricata foi a de uma senhora que apanhou os meus dados num site de uma amiga e resolveu entrar em contacto comigo para me oferecer os mesmos serviços que essa minha amiga. O que a senhora não sabia era que eu não precisava dos seus serviços e aquilo era uma brincadeira. Escusado será dizer que essa senhora levou uma resposta à altura do acto que tinha feito. Afinal, já não bastava ir buscar os meus dados à concorrência, como ainda mencionava que era assim que tinha ficado a par do meu suposto interesse por serviços daquele género.
Agora, enquanto nada se passa neste país à espera que o mês de férias se passe, recebi um e-mail de outra senhora que não conheço de lado nenhum e que apanhou o meu e-mail através dum colega de trabalho (calculo eu…), que me dá a conhecer uns novos cursos de musculação e afins.
Obviamente que é assim que se criam as bases de dados, mas faz-me alguma confusão este tipo de pessoas. Obviamente também, esta senhora vai receber uma resposta de volta e, enquanto a escrevo e antes ainda de enviar, penso que gostava que a senhora me respondesse de volta a justificar-se. Estas situações só me fazem lembrar quando vamos na estrada – e nisto acho que somos exímios – e insultamos ou gesticulamos em demasia com alguém que se atravessa à nossa frente ou faz alguma aselhice e depois aceleramos, prego à fundo, na esperança que o outro não nos alcance, porque depois não sabemos o que fazer.

terça-feira, agosto 01, 2006

Gostei de ler

Na casa de Mariete
Pelo título não se vai lá, mas a história é engraçada. A casa da Mariete e do Veríssimo fica nas Berlengas, onde passam 10 meses no ano. A Mariete e o Veríssimo são também os pais do cantor Beto.
Apesar de estar relativamente perto, o enjoo que sinto de estar apenas no cais, aliado ao facto de o meu mais-que-tudo gostar de água, mas só na banheira!, fez com que ainda não fosse a estas ilhas, mas esse dia há-de chegar e são histórias como estas que fazem a vontade aumentar.

O que foi não volta a ser

Achava eu que a nostalgia não era sentimento para mim. Mas, já que me enganei, há que admitir o erro. E, se a ideia já andava a medrar em mim, no domingo, enquanto assistia mais uma vez (já lhes perdi a conta) ao Senhor dos Anéis – A Irmandade do Anel, tive a certeza de que o que foi não volta a ser e tenho pena que assim seja. Não fico a chorar pelos cantos, mas sinto, a cada dia que passa, que aqui não vou ter amigos daqueles que se convida para ir lá a casa jantar, com quem se vai para a praia depois de mais um dia de trabalho, a quem se faz uma visita surpresa no dia do aniversário, com quem se consegue marcar um cafézinho mesmo depois de anos de suposto afastamento. Acho que somos uns seres constantemente insatisfeitos e, por um lado, ainda bem porque assim somos como que obrigados a lutar pelo que queremos mas, às vezes, acho que nos deixamos envolver pela situação e damos pouco valor ao que temos na altura. Pelos anos maravilhosos e onde tanto aprendi, obrigada: João, Joana, Ricardo, Andreia, Rui, Sónia, Inácio, Cátia, Zé, Alice, Pedro e tantos outros!

eu trago um buraco no futuro
traz presentes fugídios
e memórias de navios

traz tanta confiança
que se é sempre criança
mesmo quando não se quer
o que foi não volta a ser
e o que foi não volta a ser
mesmo que muito se queira
e querer muito é poder
e o que foi não volta a ser

pode vir algo melhor
embora sempre pareça
que o pior está por vir

nunca se deve esquecer
que não há volta sem partir
e o que foi não volta a ser

e o que foi não volta a ser
mesmo que muito se queira
e querer muito é poder
e o que foi não volta a ser


Xutos & Pontapés

São uns desgraçados

O DN de hoje tem uma notícia intitulada “Quatro ministros aguentam Agosto inteiro em Lisboa”, que só me faz ter pena dos senhores. Ora vejam lá a chatice que é passar Agosto, ainda por cima inteiro, em Lisboa… Eu adoro, mas adoro, conseguir entrar em Lisboa como se fosse fim-de-semana, não ter de me preocupar com o estacionamento, não haver filas para nada, enfim: ser pobrete mas alegrete! Mas obviamente que se eu ganhasse o mesmo que essas pobres almas que vão ter de ficar em Lisboa para assegurar as funções do Governo durante Agosto inteiro, não tinha de me preocupar com as filas que no resto do ano me fazem chegar atrasada ao trabalho e gastar ainda mais gasolina, nem com o chegar a Setembro e não ter o bronze da praxe e poder passar o mês inteiro a partilhar experiências sobre os locais paradisíacos que visitei.